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Brasil registra novos casos da gripe K e ministério divulga alerta

O caso importado do Pará teve amostra analisada pela Fiocruz

Brasil registra novos casos da gripe K e ministério divulga alerta (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247 - O Ministério da Saúde confirmou que o Brasil registrou quatro casos do subclado K da influenza A (H3N2), em um semestre considerado atípico para o comportamento do vírus. As informações foram publicadas pelo g1 nesta quinta-feira (19). Um dos pacientes recebeu diagnóstico no Pará após viagem internacional, enquanto os outros três foram identificados no Mato Grosso do Sul e ainda estão em investigação epidemiológica.

Segundo a pasta, o cenário não aponta mudança no perfil clínico da doença nem maior gravidade, mas exige reforço das medidas de vigilância e ampliação da vacinação — considerada eficaz para evitar quadros graves e hospitalizações.

O caso importado do Pará teve amostra analisada pela Fiocruz. Já as amostras coletadas no Mato Grosso do Sul foram sequenciadas pelo Instituto Adolfo Lutz, seguindo os protocolos nacionais de monitoramento. Em ambos os estados, os Lacens fizeram a detecção inicial do vírus.

Sem novos sintomas, mas com temporada prolongada

Especialistas explicam que o subclado K não representa um novo vírus, mas uma evolução genética do H3N2. A mudança não altera os sintomas, que permanecem os mesmos de uma síndrome gripal comum.

“Não há nenhum sintoma diferente ou característico desse subclado”, afirmou o pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. “O quadro clínico é o de uma síndrome gripal típica.”

O médico Juarez Cunha, diretor da mesma entidade, reforça que a duração da infecção também permanece estável.
“Em geral, os sintomas duram de três a sete dias, como ocorre em outras gripes. Até o momento, não há indicação de que esse vírus provoque quadros mais prolongados.”

Ambos destacam que a evolução para quadros mais graves depende sobretudo do paciente, e não do subtipo viral.
“Existem pessoas que têm quadros leves e outras que evoluem com sintomas mais importantes, independentemente do subtipo do vírus”, diz Cunha.

Para Kfouri, sinais como febre persistente, falta de ar e piora clínica são indicativos de atenção médica imediata. “Quando o antiviral é iniciado cedo, ele diminui o risco de gravidade e de complicações, especialmente nos mais vulneráveis.”

O que já se sabe sobre o subclado K

— Não é uma nova doença, mas uma variação do H3N2.
— Não mudou os sintomas da gripe comum.
— Não há evidências de maior gravidade no Brasil.
— Países como Austrália e Nova Zelândia também não registraram aumento de mortalidade.
— A principal diferença observada é a temporada de gripe mais longa.
— Grupos de risco continuam os mesmos: idosos, crianças, gestantes e pessoas com doenças crônicas.
— Antivirais seguem eficazes quando iniciados precocemente.
— Testes rápidos auxiliam no diagnóstico imediato.
— A vacinação segue como a melhor estratégia de prevenção.

Vigilância reforçada e alerta internacional

A intensificação da vigilância epidemiológica no país ocorre após alerta da Organização Pan-Americana da Saúde e da OMS, que identificaram aumento das internações por influenza associada ao subclado K no hemisfério norte. Ainda assim, o Ministério da Saúde afirma que, no Brasil, não há evidências de maior gravidade ou mudança no perfil clínico.

A vigilância da influenza inclui monitoramento de síndrome gripal, investigação de casos graves e sequenciamento genético para identificar possíveis mutações. O ministério reforça que a baixa adesão às campanhas de vacinação contribui para a maior circulação do vírus.

Vacinação e prevenção continuam essenciais

As vacinas distribuídas pelo SUS protegem contra as formas graves da doença, inclusive as provocadas pelo subclado K. A recomendação é que grupos prioritários, como idosos e crianças pequenas, mantenham o calendário atualizado.

Além da vacina, o SUS oferece antiviral gratuito para os grupos de risco. O Ministério da Saúde também orienta que pessoas com sintomas adotem o uso de máscara, mantenham ambientes ventilados e reforcem a higiene das mãos.

A pasta afirma que continuará monitorando o cenário global e nacional. Para especialistas, a principal preocupação neste momento não é a mutação em si, mas a retomada do vírus em um ano de baixa cobertura vacinal.