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Saúde

Doenças raras: como a terapia gênica tem contribuído para melhorar seu tratamento

Terapia gênica consiste na introdução de material genético “corretivo” no paciente

(Foto: Reprodução)
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Por Fábio de Oliveira, da Agência Einstein - Os especialistas estimam que existam entre 6 mil e 8 mil doenças raras, aquelas que acometem 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos, de acordo com o Ministério da Saúde. Dessas milhares de enfermidades, 80% são genéticas, as demais advêm de causas ambientais, infecciosas, imunológicas ou autoimunes – quando as próprias defesas atacam o corpo -, entre outras. Alguns tumores também são pouco frequentes. Em suma, sob uma mesma nomenclatura estão vários problemas diferentes que afetam um número reduzido de pacientes. A boa notícia é que o avanço no conhecimento sobre nossos genes nas duas últimas décadas tem possibilitado tratamentos inovadores e uma melhor qualidade de vida para quem tem alguns tipos de doenças raras.

É o caso da terapia gênica, que consiste na introdução de material genético “corretivo” no paciente. Para que isso ocorra, geralmente os cientistas se valem de um vírus inócuo, o vetor, para injetar o gene saudável nas células. Um exemplo dessa terapia está sendo desenvolvido pela empresa farmacêutica americana PTC-AADC, que pleiteia junto à European Medicine Agency, a EMA, agência que regula medicamentos na União Europeia, a aprovação de um tipo dessa terapia para uma doença rara: a deficiência de descarboxilase dos aminoácidos l-aromáticos (AADC na sigla em inglês). A AADC é causada por mutações no gene dopa descarboxilase (DDC). Ele dá as instruções necessárias para produzir a enzina descarboxilase dos aminoácidos l-aromáticos. 

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Essa enzima é essencial para fabricar dois neurotransmissores, substâncias que fazem a comunicação entre as células nervosas: a dopamina e a serotonina. O gene defeituoso leva a uma produção baixa ou aquém do necessário dessa dupla, impedindo a troca de informações entre o cérebro e outros órgãos. Entre os sintomas da enfermidade estão atrasos no desenvolvimento, tônus muscular fraco (hipotonia), problemas visuais e incapacidade de controlar a temperatura corporal. A terapia desenvolvida pela PTC-AADC mostrou melhoras significativas em termos motores, cognitivos e de linguagem. Isso incluiu melhora na capacidade de sentar-se, andar e falar, em até cinco anos de acompanhamento pós-tratamento. 

A questão que se levanta diante dessas conquistas é seu custo para os pacientes. No ano passado, por exemplo, a Food and Drug Administration (FDA), agência americana que faz a regulamentação de alimentos e remédios, aprovou o onasemnogene abeparvovec-xioi, primeiro medicamento à base de terapia gênica para a atrofia muscular espinhal (AME), outra doença genética. A patente é do laboratório suíço Novartis. “Trata-se de uma alteração que faz com que o indivíduo desenvolva vários problemas musculares”, descreve a geneticista Fernanda Lima, do Hospital Israelita Albert Einstein. Surge franqueza na musculatura dos ombros, quadril, coxas e a porção superior das costas, sem contar nos músculos que trabalham na respiração e na deglutição. 

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Isso ocorre devido a uma mutação no gene do neurônio motor, o que transmite o impulso nervo da coluna vertebral para os músculos. Esse gene é responsável por sintetizar uma proteína, a SMN, que protege a célula nervosa. O onasemnogene abeparvovec-xioi causou polêmica porque custa caro, muito caro: uma única dose sai por 2,1 milhões de dólares, ou mais de 9 milhões de reais. “É inviável para grande maioria das crianças com essa doença”, diz a especialista do Einstein. “Mas é uma esperança.” O medicamento deve ser administrado para pequenos menores de 2 anos, em dose única. Em outras palavras, a terapêutica deve ser iniciada precocemente para interromper a progressão do mal. O princípio é o mesmo do tratamento da PTC-AADC: um vírus carrega um gene saudável e substitui o defeituoso nas células dos neurônios motores. Resta torcer que a medicina inovadora chegue a cada vez mais pacientes. 

Diagnóstico demorado

Como as doenças raras não acometem um contingente maciço, não são muito estudadas nos cursos de medicina. Daí o fato de, ao serem procurados, os médicos nem sempre saberem do que esse tipo de paciente sofre. Por isso, o caminho até um diagnóstico pode ser longo e tortuoso. Vale lembrar que uma doença pode ser rara em uma região e comum em outra. É o caso da talassemia, uma anemia de origem genética que tem maior ocorrência no Mediterrâneo, mas quase não dá as caras no norte da Europa. 

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