Governo federal reposiciona o SUS como eixo central da saúde pública
Entre 2023 e 2025, ações estruturantes ampliam acesso, reduzem filas, fortalecem a atenção básica e colocam o Brasil em destaque global
247 - O Governo do Brasil consolidou, entre 2023 e 2025, um amplo conjunto de ações estruturantes que recolocaram a saúde pública no centro das prioridades nacionais. Com foco no cuidado com as pessoas, no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e na ampliação do acesso a serviços essenciais, as políticas adotadas resultaram em mais atendimentos, redução de filas, expansão da atenção primária e especializada e maior presença do Estado em regiões historicamente desassistidas.
As informações foram divulgadas pelo Governo Federal e pelo Ministério da Saúde, com base em balanços oficiais apresentados ao longo de 2025. Em diferentes ocasiões públicas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o caráter universal do SUS e o compromisso com a redução das desigualdades. “Somos o único país com mais de 100 milhões de habitantes a contar com um sistema de saúde que se fortalece a cada dia. Estamos, cada vez mais, alcançando o compromisso de garantir que as pessoas mais pobres tenham o mesmo tratamento de saúde que as mais ricas”, afirmou o presidente em 18 de dezembro, quando o Brasil recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS) a certificação de eliminação da transmissão do HIV de mãe para filho.
Na avaliação do governo, a retomada e a ampliação de programas estratégicos, aliadas à valorização dos profissionais de saúde, aos investimentos em infraestrutura e tecnologia e ao enfrentamento sistemático da desinformação, permitiram resultados expressivos em diferentes frentes. Durante a abertura da Caravana Federativa, em Minas Gerais, em 11 de dezembro, Lula ressaltou a importância de levar o atendimento até onde a população está. “Neste país, ninguém vai morrer por falta de exame, por falta de acesso a uma máquina que só o rico tem. Queremos que as pessoas tenham o direito. As pessoas não podem ir para a cidade, o Estado vai até elas. É por isso que estamos fazendo as carretas, as ambulâncias odontológicas. É por isso que fizemos o SAMU”, declarou.
Da consulta ao tratamento
Em 2025, o SUS alcançou um recorde histórico na realização de cirurgias eletivas, com mais de 14,5 milhões de procedimentos, crescimento de 37% em relação a 2022. O avanço está diretamente ligado ao programa Agora Tem Especialistas, que atua de forma integrada desde a consulta até o tratamento, com foco na redução das filas e na ampliação do acesso à atenção especializada.
A experiência de Lindemberg da Silva, motorista de aplicativo atendido em Recife (PE), ilustra o impacto das medidas. Diagnosticado com pedra na vesícula, ele realizou a cirurgia apenas três dias após o diagnóstico. “Minha vida agora vai mudar para melhor. Vou trabalhar tranquilo, sem sentir a dor que sentia. Do jeito que foi bom pra mim, vai ser bom para o pessoal que está na fila esperando as cirurgias. Agora tem mais cirurgia”, afirmou.
O programa contabilizou mais de 150 mil procedimentos em mutirões realizados em hospitais universitários e outros 17,5 mil atendimentos em mutirões na área indígena. Também foram feitas mais de 1,2 milhão de cirurgias oftalmológicas, mais de 3 milhões de mamografias bilaterais para rastreamento e mais de 6 milhões de teleatendimentos, alcançando 2,9 mil municípios em todo o país.
Ampliação de especialistas e médicos
Como parte da estratégia de fortalecimento da atenção especializada, o Ministério da Saúde superou a meta inicial de provimento de especialistas. A previsão era de 500 médicos, mas, com a segunda chamada do Mais Médicos Especialistas, o total chegou a 577 profissionais, que passaram a atuar em 187 municípios. “Vamos crescer ainda mais no país inteiro, atendendo as necessidades apontadas pelos municípios e levando a carreta para onde ela é mais necessária”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Paralelamente, o programa Mais Médicos, relançado em março de 2023, praticamente dobrou de tamanho. O número de profissionais passou de 13,7 mil para 27,3 mil médicos em atuação, um aumento de 99%. A ampliação permitiu ao SUS fortalecer a Atenção Primária e qualificar a assistência em 4,5 mil municípios, contribuindo para a redução de agravos à saúde e de internações evitáveis.
Atenção primária e equipes no território
O reforço da Atenção Primária teve impacto direto na ampliação do acesso ao cuidado em saúde para cerca de 67 milhões de brasileiros. Entre 2022 e 2025, o número de atendimentos anuais cresceu 30%, passando de 23,9 milhões para mais de 31 milhões. O avanço foi impulsionado principalmente pelo aumento de atendimentos realizados por médicos das 60,4 mil equipes de Saúde da Família e de Atenção Primária em atividade.
Nas áreas indígenas, os resultados foram ainda mais expressivos. O número de médicos nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) mais que dobrou, saltando de 325 em 2022 para 706 em 2025. Em outubro de 2025, o país contava com 5.920 equipes multiprofissionais com custeio federal, atuando em 3.902 municípios.
A rede física do SUS também seguiu em expansão. Até julho de 2025, havia 45,7 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) em funcionamento com custeio federal, em 5.565 municípios, o que representa 2,2 mil unidades a mais em relação ao início de 2023. O trabalho na linha de frente foi reforçado com 273,16 mil Agentes Comunitários de Saúde e 68,07 mil Agentes de Combate às Endemias, com investimentos federais mensais que ultrapassam R$ 1 bilhão.
Saúde bucal e medicamentos gratuitos
Relançado em maio de 2023, o Brasil Sorridente ampliou significativamente a cobertura da saúde bucal. Até outubro de 2025, o programa reunia 34.311 equipes habilitadas em 5.178 municípios, sendo 6.058 incorporadas a partir de 2023. A estratégia de atendimento itinerante ganhou força com a entrega de 424 Unidades Odontológicas Móveis na seleção do PAC de 2023, além de outras 400 previstas na seleção de 2025, com entrega integral estimada para o primeiro semestre de 2026.
Outro avanço estruturante foi o fortalecimento do Farmácia Popular, relançado em junho de 2023. Desde fevereiro de 2025, todos os medicamentos e insumos passaram a ser oferecidos de forma 100% gratuita. Entre 2022 e 2025, o alcance do programa cresceu 68%, com aumento de 30% no número de pacientes atendidos, que chegou a 27 milhões de pessoas. O investimento federal também aumentou, passando de R$ 7,5 bilhões entre 2019 e 2021 para R$ 12,6 bilhões no período de 2023 a 2025. Em outubro de 2025, o programa contava com 31,15 mil farmácias conveniadas em 4,8 mil municípios.
Infraestrutura e modernização do SUS
Os investimentos em infraestrutura e equipamentos de saúde foram ampliados com o Novo PAC, que destinou R$ 31,5 bilhões ao setor. Entre 2023 e 2025, 3.201 obras foram financiadas ou executadas, número 14 vezes superior ao registrado entre 2019 e 2021. Na Atenção Primária, a seleção de 2023 contemplou 1,9 mil UBS e UBS Indígenas, com 98% das unidades previstas para entrega até 2026, enquanto a seleção de 2025 prevê a construção de mais 800 unidades.
O Novo PAC também impulsionou a transformação digital do SUS, com a entrega de 834 kits de Telessaúde na seleção de 2023 e a previsão de 7 mil kits adicionais na seleção de 2025. Na Atenção Especializada, foram contempladas 156 unidades na seleção de 2023, além da previsão de 46 novas policlínicas na seleção de 2025. A frota do SAMU foi reforçada com 2.223 ambulâncias entregues em 2023 e outras 2.420 previstas na seleção de 2025.
Avanços no enfrentamento ao HIV
No enfrentamento ao HIV, o Brasil registrou a menor taxa de mortalidade por aids em 32 anos, com queda de 13% entre 2023 e 2024, o que representou mais de mil vidas poupadas. Houve redução de 7,9% nos casos de gestantes com HIV, de 4,2% no número de crianças expostas ao vírus e de 54% no início tardio da profilaxia neonatal.
O país superou 95% de cobertura em pré-natal, testagem e tratamento de gestantes que vivem com HIV, interrompendo de forma sustentada a transmissão vertical. A certificação internacional concedida pela Organização Pan-Americana da Saúde e pela OMS reconheceu o Brasil como o primeiro país da América do Sul e o maior do mundo a alcançar esse marco.
A trajetória de Maria Clara Tavares exemplifica esse avanço. Nascida com HIV por transmissão vertical, ela hoje, aos 21 anos, espera o primeiro filho. “Não tive receio em nenhum momento, sabia que meu filho nasceria sem HIV, já que faço todo o tratamento com os antirretrovirais e levo uma vida saudável, praticando esportes”, relatou.
Vacinação e combate às doenças
Em 2025, o Brasil ampliou a cobertura de 15 das 16 vacinas do Calendário Nacional e reverteu a tendência de queda observada desde 2016. O resultado decorre da retomada do Programa Nacional de Imunizações, de mobilizações nacionais, da vacinação nas escolas e da garantia de abastecimento. Mais de 1,2 milhão de doses foram aplicadas em estudantes por meio de ações escolares, além de outras 7 milhões durante a campanha de multivacinação.
Entre os destaques está a vacina tríplice viral, que contribuiu para que o país recebesse, em 2024, a certificação de território livre do sarampo. Outra novidade foi a inclusão da vacina contra o vírus sincicial respiratório no SUS, destinada a gestantes a partir da 28ª semana. “A vacina da bronquiolite é muito importante para gestantes no nosso inverno. É a principal causa de internação de crianças até um ano de idade e a principal causa de óbitos por doenças respiratórias. A vacina está no SUS agora, a partir de dezembro de 2025”, afirmou Padilha.
Dengue e enfrentamento à desinformação
No combate à dengue, a Anvisa aprovou a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, a primeira produzida integralmente no Brasil. O imunizante, de dose única, apresentou eficácia global de 74,4% em estudos clínicos. As primeiras 1,3 milhão de doses serão destinadas aos profissionais da Atenção Primária, com previsão de disponibilidade até o fim de janeiro de 2026. “Ganhamos uma segunda arma importante, que é essa nova vacina desenvolvida aqui no Brasil pelo Instituto Butantan, com apoio e financiamento do Ministério da Saúde e financiamento do BNDES”, celebrou o ministro.
Padilha ressaltou, no entanto, que a vacina não substitui as ações preventivas. “A gente não pode esquecer que mais de 80% dos criadouros estão dentro da casa das pessoas. Se a gente fizer aquele trabalho de prevenção todo dia, a gente consegue reduzir os casos como conseguimos este ano”, disse.
Além disso, o governo intensificou ações para combater a desinformação sobre vacinas. “Muita gente acaba acreditando nessas mentiras, mas estamos vencendo essa batalha. Desde 2023, todo ano tem subido a cobertura vacinal”, afirmou Padilha, ao destacar a atuação conjunta do Ministério da Saúde e da Advocacia-Geral da União contra a disseminação de informações falsas que colocam a saúde pública em risco.
