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Saúde

Guedes entra no lobby da cloroquina e diz: quem quiser toma, quem não quiser não toma

Ministro da Economia tratou o tema de saúde pública como uma questão de liberdade individual – e não de prescrição médica a partir de critérios científicos

Ministro da Economia, Paulo Guedes, fala em coletiva de imprensa em Brasília 16/03/2020 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, avaliou que a troca de ministros é normal numa democracia, defendeu a liberdade para a escolha de usar ou não cloroquina no tratamento do coronavírus e fez um forte apelo pelo veto à possibilidade de reajuste salarial a categorias do funcionalismo público.

Ao falar nesta sexta-feira em evento que marcou os 500 dias do governo Jair Bolsonaro, o ministro afirmou ainda que o presidente não é populista, mas popular, e que o fato de ele ter chamado atenção para as consequências econômicas das medidas de isolamento social não significa que ele esteja minimizando a importância da saúde e da vida.

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“Boa parte das diferenças de opinião do presidente com ministros que eu tenho visto é por causa de princípios”, disse Guedes, exemplificando que Bolsonaro é a favor do direito do cidadão que não está com Covid-19 sair andando pela rua.

“É um direito dele ser infectado porque ele não está infectando ninguém. É um direito dele. Isso contrasta às vezes com alguém que diz ‘não, tem que ficar em isolamento e não pode sair’. Isso dá uma diferença de opinião séria entre um ministro e um presidente”, completou.

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Guedes avaliou então que o uso ou não da cloroquina segue o mesmo raciocínio.

“Alguns dizem que tem que tomar, alguns dizem que não. Vamos fazer o seguinte? Quem quiser tomar toma, quem não quiser não toma. Se a gente respeitar pelo menos a opinião do outro quem sabe a gente não melhora.”

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Mais cedo o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu demissão do cargo, menos de um mês após assumir, em decorrência de desavenças com o presidente, na segunda troca de comando do ministério em meio ao avanço da pandemia do novo coronavírus pelo país.

Teich vinha sendo cobrado pelo presidente a modificar o protocolo oficial para ampliar a recomendação do uso da cloroquina, apesar de o ministro ter afirmado que não considera o remédio uma solução e de ter alertado para seus efeitos colaterais.

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Questionado sobre os impactos no mercado da frequente troca de cadeiras em meio à pandemia, Guedes disse que as substituições são normais na democracia e que as condições para criar um bom ambiente para atração de investimentos serão dadas pelo compromisso com as reformas, independentemente de quem ocupar cargos na Esplanada.

O ministro pontuou ainda que anormal seria um presidente sair porque um ministro quer fazer o que ele não quer.

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“Agentes econômicos reagem pela configuração da política econômica”, afirmou o ministro.

“Se o presidente mantiver rumo, pode trocar ministro da Economia quantas vezes quiser, mas se tirar do rumo certo, pode colocar ministro que quiser que vai dar errado”, acrescentou.

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VETO

Em sua fala, Guedes fez forte defesa da necessidade de veto, no projeto de auxílio a Estados e municípios, de trecho que permite que algumas categorias do funcionalismo público possam ter reajuste até o fim do ano que vem. O ministro sempre insistiu que o congelamento dos salários era uma contrapartida razoável para a injeção de recursos da União a governadores e prefeitos.

Já sobre a aproximação do governo com parlamentares do centrão, o ministro da Economia disse que a relação não se baseia num toma lá dá cá.

“Temos um centro democrático programático, não fisiológico”, afirmou.

Guedes também ponderou que não adianta o presidente vetar o trecho do projeto, conforme compromisso assumido publicamente, se o Congresso agir para derrubar essa decisão. Ele frisou que, nesse cenário, voltaria o caos dos juros altos, desorganização da economia e transformação do quadro numa farra eleitoral.

Ainda nessa toada, o ministro pediu que o dinheiro para saúde fique na saúde e classificou como inaceitável o uso da crise com o coronavírus para vitrine política ou para tirar recursos do governo.

“Passamos um ano e meio tentando reconstruir. Quando estamos começando a decolar, somos atingidos por uma pandemia. E vamos nos aproveitar de um momento como esse, da maior gravidade, de uma crise de saúde, e vamos subir em cadáveres para fazer palanque?”, afirmou ele.

“Vamos subir em cadáveres para arrancar recursos do governo? Isso é inaceitável, a população não vai aceitar. A população vai punir quem usar cadáveres como palanque”, completou.

O ministro também avaliou que os profissionais que seguem trabalhando na linha de frente do combate ao coronavírus não devem ser premiados de antemão pelo exercício de suas funções.

Da forma como aprovado pelo Congresso, o projeto de ajuda a Estados e municípios deixou de fora da regra de congelamento salarial, por 18 meses, profissionais de saúde, de segurança pública e das Forças Armadas, além dos trabalhadores da educação pública, servidores de carreiras periciais, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, guardas municipais, agentes socioeducativos, profissionais de limpeza urbana, de serviços funerários e de assistência social.

“Nós queremos saber o que podemos fazer, de sacrifício, para o Brasil nessa hora. E não o que o Brasil pode fazer por nós”, afirmou o ministro.

“E as medalhas são dadas após a guerra, não antes da guerra. Nossos heróis não são mercenários. Que história é essa de pedir aumento de salário porque um policial vai à rua exercer sua função? Ou porque um médico vai à rua exercer sua função? Se ele trabalhar mais, por causa do coronavírus, ótimo, ele recebe hora-extra”, completou Guedes.

PÓS-PANDEMIA

Em relação à retomada da economia, o ministro voltou a dizer que o país pode engatar uma recuperação em V, apesar de sua equipe econômica ter apontado nesta semana expectativa de uma trajetória em U, mais lenta. Isso porque a projeção é de um tombo histórico do PIB de 4,7% este ano com recomposição para valores pré-crise somente em 2022.

Guedes voltou a fazer um apelo pela aprovação de pautas como o novo marco do saneamento, que está no Congresso desde o ano passado, além de privatização da Eletrobras, marco do setor elétrico e reforma tributária.

Ele disse ainda que a crise da saúde deixará mais óbvio que o imposto sobre a folha de pagamento das empresas é uma forma de tributação perversa pois encarece sobremaneira o custo do trabalho formal.

“Temos que eliminar isso, nós temos que criar a carteira verde e amarela, não tem os encargos trabalhistas lá, vamos criar milhões de empregos”, disse.

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