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Saúde

Jovens não sabem como funciona a pílula do dia seguinte

Pesquisa realizada com britânicos mostra que 41% deles acham que método funciona como um mini aborto. Situação se repete no Brasil

Pílula do dia seguinte (Foto: Reprodução)
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Por Cristiane Bomfim, da Agência Einstein - Opção de emergência para a prevenção de uma gravidez não planejada, a pílula do dia seguinte está nas prateleiras das farmácias e sua compra no Brasil não exige prescrição médica. O uso parece ser simples: basta tomar o comprimido em no máximo até 72 horas após uma relação sexual desprotegida. Mesmo assim, uma pesquisa realizada com 1027 jovens britânicos mostrou que 60% dos entrevistados não sabem como funciona a pílula do dia seguinte age no organismo. Quase metade (47%) afirmou que contracepção de emergência foi mencionada de forma breve durante a educação escolar. Outros 41% dos entrevistados acreditam que este método protege ao causar um mini aborto. 

O estudo, realizado por uma farmacêutica francesa com adultos com idade entre 18 e 35 anos que vivem na Grã- Bretanha, retrata também a realidade brasileira. “Falta ainda educação sobre o assunto. A abordagem sobre os métodos contraceptivos nas escolas ainda é muito superficial. No geral, as pessoas têm muitas dúvidas sobre a pílula do dia seguinte e os outros métodos”, explica o ginecologista Sérgio Podgaec, do Hospital Israelita Albert Einstein. Para se ter uma ideia, um levantamento feito com 143 garotas com idade entre 10 e 20 anos que passaram por consultas ginecológicas na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) entre 2016 e 2017 mostrou que apenas 16% delas tiveram alguma orientação sobre a contracepção de emergência na escola. De acordo com a ginecologista Cristina Guazzelli, docente da instituição que conduziu o estudo, 97% das entrevistadas disseram que conheciam a contracepção de emergência e 70% delas já a usou mais de uma vez. “Os dados mostram que o conhecimento é superficial. Um contraceptivo de emergência não deve ser usado com frequência”, explica Cristina Guazzelli, também integrante da Comissão Nacional de Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

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Ela não é abortiva

Assim como os jovens britânicos, porém em menor proporção, muitas adolescentes daqui (38% das entrevistadas) acham que a pílula do dia seguinte é abortiva. “Ela não causa o aborto ou mini abortos como muitas pessoas pensam. Sua função é atrasar a ovulação, fazendo com que não haja o encontro do espermatozoide com o óvulo, impedindo a fecundação”, explica Podgaec, do Einstein.

A eficácia é menor

De acordo com estudos científicos, para cada 100 mulheres que tiverem uma relação sexual desprotegida na segunda ou terceira semana do ciclo menstrual e usarem a pílula do dia seguinte, 8 engravidam. Vários fatores devem ser considerados. O primeiro, e mais importante, é que este não é o método mais eficaz, já que o espermatozóide pode ter encontrado o óvulo antes do uso do comprimido. Por isso, o segundo ponto é que as chances de sucesso são maiores quando a pílula é ingerida o mais rapidamente possível após o sexo desprotegido. “No geral, considera-se que o ideal seja usar em até 72 horas, quando a proteção é de 2/3. Mas, quanto mais rápido, melhor”, explica Cristina, da Unifesp. Soma-se a isso as chances reais de uma mulher engravidar no mês. Para mulheres com até 30 anos o percentual é de cerca de 20%. Em mulheres acima dos 35, a probabilidade fica em torno dos 10%. “É uma roleta russa. O que me leva a acreditar que uma mulher que faz uso com frequência deste método precisa de orientação”, continua a médica.

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Ela altera o ciclo menstrual e tem efeitos colaterais leves

Os comprimidos para contracepção de emergência têm em sua composição grande concentração de levonorgestrel, um hormônio sintético. A ingestão de altas concentrações do hormônio em um ou dois comprimidos altera o ciclo menstrual. E, apesar de 40% dos jovens britânicos que fizeram parte da pesquisa realizada por uma marca francesa de contraceptivo de emergência acharem que “ela sempre causa efeitos colaterais”, isso é mito. “Os efeitos colaterais são leves e não se apresentam em todas as mulheres”, afirma Podgaec. Entre eles estão dor de cabeça, náuseas e, o principal, a desordem do ciclo menstrual.

Ela não causa infertilidade

Outra dúvida comum é a de que o uso deste tipo de contraceptivo de emergência com alguma constância pode causar infertilidade. Mas nenhum estudo científico comprovou isso. “É uma lenda. Seu uso constante não é recomendado por ter uma alta carga de hormônios, por desregular o ciclo menstrual, por não ser a forma mais eficaz de evitar a gravidez e porque seu uso, dessa maneira, é sinal de pouco conhecimento”, conclui o médico do Einstein. 

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