Meninas adolescentes vão 18 vezes mais ao ginecologista do que meninos ao urologista

Campanha “#VemProUro”, realizada em setembro em comemoração ao Dia do Adolescente, incentiva rotina de consultas no início da puberdade

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)


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Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein - Levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com base em dados do Ministério da Saúde, aponta que a ida de meninas adolescentes (12 a 19 anos) ao médico, de maneira geral, é 2,5 vezes maior do que a de meninos da mesma idade —em 2020, foram registrados 10.096.778 atendimentos delas contra 4.066.710 deles. Quando se compara a ida de meninas ao ginecologista com a de meninos ao urologista, a discrepância é ainda maior: elas vão 18 vezes mais ao especialista do que eles.

Segundo a entidade, estudos americanos também apontam que somente 4% dos meninos adolescentes procuram o urologista de forma espontânea para uma consulta de rotina, contra 60% das meninas da mesma idade. Diante desse cenário, há seis anos a SBU realiza a campanha “#VemProUro” durante o mês de setembro – quando é comemorado o Dia do Adolescente, no próximo dia 21. O objetivo é incentivar os meninos adolescentes a iniciarem a rotina de consultas regulares ao médico assim que entram na puberdade, assim como normalmente acontece com as meninas.

“A gente percebeu, com esses dados brasileiros, que enfrentamos o mesmo problema dos americanos. Temos uma ida muito menos frequente dos adolescentes do sexo masculino ao médico de uma maneira geral e menos ainda quando se trata do urologista, o que reforça a falta de cuidados do homem com os cuidados da própria saúde”, afirmou Daniel Suslik Zylbersztejn, urologista do Hospital Israelita Albert Einstein, médico coordenador do Fleury Fertilidade e idealizador da campanha na Sociedade Brasileira de Urologia.

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Para Zylbersztejn, a partir do momento em que um jovem cria um elo com o médico, isso tem um grande impacto no seu entendimento sobre sua saúde. “A mãe costuma levar a menina ao ginecologista logo depois que ela tem a primeira menstruação. Esse ginecologista acaba criando um vínculo com essa adolescente, pois esse médico conversa sobre sexualidade, namoro, saúde íntima e sobre assuntos que os pais não têm tanta conexão e facilidade. O elo costuma ser tão grande a ponto desse médico ser o mesmo que vai cuidar do parto dela”, exemplifica. “Por que não fazer a mesma coisa com os meninos?”.

Que idade o menino deve começar? - Não existe uma idade definida para o início da rotina médica, já que cada menino vai entrar na puberdade em momentos diferentes – há aqueles que entram mais cedo, por volta dos 12 anos, e há ainda aqueles que chegam à puberdade com 15 anos. “O momento ideal é aquele em que já houve um estirão, a testosterona já está em todo o organismo e os pais começam a perceber as mudanças físicas corporais, de voz, de pelos, do tamanho do pênis e dos testículos”, explicou o médico. “Tem ainda a mudança psicológica. O menino quando entra na adolescência se retrai, passa a andar mais em grupos, se identifica com grupos específicos. Quando ocorre essa mudança, é o momento ideal de levar esse menino ao urologista”, ressaltou.

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Segundo Zylbersztejn, os meninos devem passar por um exame clínico completo durante uma consulta de rotina, em especial uma avaliação do trato gênito-urinário. Isso inclui a análise da bolsa testicular para verificar o tamanho e se os testículos estão crescendo de acordo com a idade. Além disso, deve-se investigar a presença de varicocele (dilatação das veias testiculares com refluxo), que é a principal causa de infertilidade masculina, muitas vezes assintomática e tratável. Também é importante assegurar que o adolescente esteja com as vacinas em dia, especialmente as contra caxumba e HPV. Por fim, é relevante abordar hábitos de vida e a possível presença de vícios durante a consulta.

“Em geral, esse menino só vai descobrir que tem varicocele na idade adulta, quando tenta ser pai e não consegue. Ela é uma doença silenciosa, que se instala na adolescência, e representa 40% das causas de infertilidade masculina. Mas se isso for descoberto precocemente, é tratável e pode ser resolvido com um procedimento cirúrgico evitando problemas de infertilidade no futuro. A caxumba também é uma das doenças que gera infertilidade masculina. Por isso, é importante conferir a vacinação”, esclarece o urologista. 

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Zylbersztejn diz, ainda, que a avaliação masculina durante um exame físico é muito mais objetiva do que a das meninas. Somente em casos específicos será preciso pedir exames complementares, como um ultrassom de abdômen, de bolsa testicular, além de exames de sangue gerais, por exemplo. “É preciso avaliar o contexto para pedir exames, se necessário.”

Outros pontos importantes a serem abordados em uma consulta básica para adolescentes incluem a discussão sobre o risco do uso precoce de drogas ilícitas e álcool, o que aumenta a probabilidade de desenvolverem dependência na vida adulta. Além disso, é relevante tratar do uso de cigarros eletrônicos, que são ainda mais tóxicos para o organismo do que os tradicionais, entre outros tópicos. “Uma consulta de rotina é essencial para mostrar para os adolescentes que esses hábitos trazem prejuízo à saúde tanto aguda quanto cronicamente.”

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Dúvidas que o menino pode tirar em uma consulta:

• Prevenção a Infecções Sexualmente Transmissíveis

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• Câncer de testículo 

• Inflamação na cabeça do pênis e prepúcio (balanopostite)

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• Fimose

• Ejaculação precoce

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• Veias dilatadas nos testículos (varicocele)

• Efeitos de anabolizantes

• Atraso da puberdade

• Tamanho do pênis

• Vacinação

• Paternidade responsável e prevenção de gravidez indesejada

• Orientações a respeito do início da vida sexual

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