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Saúde

O envelhecimento precoce em pessoas com Síndrome de Down

Alteração genética afeta aproximadamente 400 mil brasileiros. Doenças como depressão e Alzheimer tendem a acometer boa parte desses indivíduos mais cedo

Izabel Rodrigues (Foto: Reprodução/YouTube)
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Por Nicola Ferreira, da Agência Einstein - Segundo a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, entre 350 mil a 400 mil brasileiros possuem a trissomia do gene 21, responsável pela síndrome de Down, cujo dia internacional é amanhã, 21 de março. O que antes era uma sentença de vida curta mudou graças aos avanços no conhecimento da condição genética angariado nos últimos 30 anos. Eles permitiram a criação de recursos e terapias que ajudaram na melhora da qualidade de vida de muitas pessoas com Down. O principal resultado é o aumento da expectativa de vida dessa população. Hoje, cada vez mais as pessoas com a síndrome estão chegando na terceira idade. Alguns estudos afirmam que a expectativa de vida cresceu no mínimo 3,75 vezes nos últimos 40 anos. Hoje, ela gira em torno dos 65 anos.

Contudo, muitos desses idosos acabam por desenvolver doenças que afetam a memória e os músculos. Uma das que mais acometem indivíduos com a síndrome é o Alzheimer. Uma pesquisa coordenada por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia e do Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, constataram que a doença neurodegenerativa, caracterizada pela perda gradual da memória e demência, atinge 80% das pessoas com mais de 65 anos e que possuem a ocorrência genética. Entre os indivíduos na mesma faixa etária, mas sem a condição, a incidência do Alzheimer é de 18%.

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Um dos fatores essenciais para essa discrepância é a existência da cópia extra do cromossomo 21. Neste cromossomo há a presença do gene APP, que codifica a produção da proteína precursora do amiloide. A concentração desta proteína cria placas tóxicas aos neurônios, levando-os gradualmente à morte.

Envelhecimento precoce

“A pessoa com síndrome de Down deveria ser considerada idosa a partir dos 20 ou 30 anos”, afirma o geriatra Marcelo Altona, do Hospital Israelita Albert Einstein. Depois dessa idade, indivíduos com a síndrome começam a apresentar sinais de envelhecimento como a perda gradual da força, enfraquecimento da imunidade e da capacidade funcional. Além disso, há o embranquecimento ou perda de cabelos, dificuldade para escutar, visão prejudicada e catarata, condições que, na população sem Down, costumam surgir bem mais tarde.

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Esses sinais de envelhecimento, especialmente a demência e a doença de Alzheimer, passam despercebidos pelas famílias, já que podem ser encarados como resultado da deficiência cognitiva que também faz parte das características da síndrome. Ações como não se limpar, esquecer de trocar de roupa, por exemplo, podem ser indicativos da instalação da doença neurodegenerativa. “Cada paciente manifesta alterações variadas. Por isso, é necessário serem melhores observadas”, ressalta o geriatra. As diferenças também atrapalham alguns médicos na hora de realizar um diagnóstico, principalmente porque muitos pacientes não conseguem falar quais sintomas estão sentindo.

Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia estudaram 28 pessoas com Down em três diferentes instituições de Salvador. Eles buscavam entender a relação e os problemas do envelhecimento precoce nesse grupo. Na pesquisa, déficits funcionais associados a locomoção, sedentarismo, desordens de conduta, perda de memória e depressão começaram a ser observados em alguns indivíduos a partir dos 25 anos de idade. Além disso, três (11%) dos participantes apresentavam sinais de perda de memória já com 25 anos. Também foi notado que 32% dos pacientes tinham sinais de depressão.

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No decorrer do estudo, cinco pessoas morreram em consequência de doenças cardiorrespiratórias ou pelo agravamento de doenças crônicas da velhice. Em dois dos óbitos, houve o diagnóstico de demência.

A preparação para os pais

Uma das consequências de as pessoas com Down estarem vivendo mais é que antes apenas pediatras cuidavam desses pacientes, o que resultava em poucas conversas sobre longevidade. Agora, muitos pais procuram geriatras e projetos que os ajudem a oferecer a seus filhos a possibilidade de um envelhecimento saudável. “É preciso tratar os pacientes com síndrome de Down como se fossem pacientes normais. Passar por um pediatra, depois pelo clínico-geral e por fim pelo geriatra”, diz Altona.

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Envelhecer com saúde

Algumas orientações são fundamentais para que pessoas com a síndrome possam envelhecer de forma saudável:

Estimule a inclusão social

Fundamental para uma melhor qualidade de vida, a inclusão deve ser incentivada desde a infância, fazendo com que a pessoa descubra rapidamente o potencial que existe nela. A inclusão pode ser feita principalmente por meio do incentivo à prática de atividade física.

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Acompanhamento médico regular: 

Devido ao envelhecimento precoce, é necessário que tenha sempre um médico, correspondente à idade do paciente.

Ênfase na educação alimentar: 

É importantíssimo um cardápio saudável e nutritivo. É recomendado que essa alimentação seja pouco calórica, pois quem tem a síndrome de Down é mais propenso à obesidade. Além disso, pessoas com Down devem tomar cuidado com alimentos muito salgados e gordurosos que podem resultar em doenças como a hipertensão, fator de risco para enfermidades cardiovasculares, bastante incidentes nessa população.

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