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Saúde

Vacina contra pólio tem baixa adesão pelo quinto ano seguido e risco da doença volta a assustar

Campanha do Ministério da Saúde cumpriu apenas 35% da meta de adesão. Campanhas antivacinas e o medo da contaminação pela Covid-19 podem ter ajudado, mas motivo principal deve ser a falta de informação

Fux diz que Justiça, de preferência STF, vai decidir sobre vacina de Covid-19 (Foto: REUTERS/Kim Hong-Ji)
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Por Frederico Cursino, da Agência Einstein - Há pouco mais de 25 anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciava a erradicação da poliomielite no Brasil. Após quatro décadas de vacinação, o País enfim vencia a batalha contra uma doença que, ainda que não tivesse um alto índice de mortalidade – menos de 1% dos infectados –, assustava pelas graves sequelas deixadas em parte dos acometidos, especialmente crianças de até 5 anos de idade.

As imagens de jovens em cadeira de rodas ou com deformidades nos membros aparecem, hoje, em fotografias antigas, o que pode causar a impressão de que a chamada “paralisia infantil” seja um fantasma do passado. Mas a notícia de que a vacina caminha para mais um ano – o quinto seguido – com uma taxa de adesão menor do que a considerada segura reacende o sinal de alerta. 

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O último ano em que a cobertura atingiu a meta indicada para o controle da doença (95%) foi em 2015. Desde então, a porcentagem de crianças tem sido menor que 90%. Neste ano, a Campanha Nacional de Multivacinação, do Ministério da Saúde, que se encerra nesta sexta-feira (30), alcançou apenas 35% da meta de adesão esperada. Até a última semana de outubro, menos de 70% das crianças no Brasil haviam sido imunizadas.

“Sem a adesão mínima de 95%, o País fica em uma situação vulnerável. A poliomielite já foi catástrofe e estamos deixando correr o risco de que ela volte. É uma doença com uma grande taxa de complicação e que leva a sequelas traumáticas. Temos muitos testemunhos de pessoas que foram vítimas na infância e que hoje precisam usar cadeira de rodas ou respirar com auxílio de traqueostomia”, alerta a pediatra Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

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A paralisia irreversível dos músculos, responsável pela maioria das mortes pela doença, afeta uma parte pequena dos infectados. Porém, calcula-se que até 40% dos sobreviventes tenham a chamada síndrome pós-pólio, que pode trazer problemas como enfraquecimento e atrofia muscular, fadiga, dores decorrentes da degeneração articular e deformidades no esqueleto como escoliose. Outras sequelas possíveis são dores nas articulações, pé torto, crescimento diferente das pernas, osteoporose, hipersensibilidade ao toque e paralisia dos membros inferiores, dos músculos da fala e da deglutição.

O Poliovírus, causador da doença, tem alta taxa de transmissão. E o fato de 90% dos infectados apresentarem sintomas leves ou nenhum aumenta o potencial de contágio.

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“A vacinação é responsabilidade coletiva. É preciso compreender que de nada adianta vacinar o meu filho se os outros não vacinarem os seus. Trata-se de uma imunização com 98% de eficácia, mas se temos uma parcela grande desprotegida, mesmo quem tomou a vacina pode ser contaminado”, acrescenta Isabella Ballalai.

Risco é real, alerta especialista

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Na opinião da vice-presidente da SBIm, as campanhas antivacinas e o medo da contaminação pela Covid-19 podem ter ajudado a diminuir a adesão das pessoas, mas não é a principal motivo pelo quadro atual. Para ela, a falta de informação, combinada com a sensação de que a doença é um risco erradicado, é o que mais tem afastado as pessoas dos postos de vacina. “Há uma baixa percepção de risco. As pessoas não procuram enquanto não perceberem o risco da doença. A campanha de vacinação precisava ter sido mais divulgada. Muitas pessoas não sabiam sequer que ela estava acontecendo”, acrescenta.

A médica acredita que a volta da poliomielite é real. A doença que paralisava cerca de 350 mil crianças no mundo há 30 anos chegou a ser praticamente erradicada em 2018, quando a OMS anunciou apenas 30 casos no planeta, todos no Afeganistão e no Paquistão. Neste ano, o vírus voltou a se espalhar nos dois países: até setembro, já eram mais de 200 casos, segundo a organização. 

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“Vimos o sarampo voltar assim. Uma pessoa de fora veio ao Brasil, e começou o surto. Só este ano, já foram mais de 8 mil casos. A pólio não é fantasia, é uma realidade”, alerta.

A SBIm planeja ações para novembro em continuidade à campanha de multivacinação. Embora a campanha do Ministério da Saúde termine em outubro, as vacinas continuam disponíveis nos postos de saúde da rede pública – Isabella Ballalai reforça a importância de continuar incentivando os pais a levarem os seus filhos. 

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Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que tem ampliado as estratégias de conscientização da população, bem como ações junto a profissionais de saúde. A pasta também não descarta uma prorrogação das estratégias de vacinação, como foi feito com o sarampo durante a pandemia. Por conta da baixa adesão, as secretarias de saúde de nove estados – Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo – já anunciaram a extensão da campanha até a meados de novembro. 

(Fonte: Agência Einstein)

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