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Vacina da UFMG contra efeitos da cocaína e do crack vence prêmio de inovação em saúde

Eleito por médicos de 17 países, o imunizante mineiro, que está em desenvolvimento, superou outros 11 finalistas e recebeu 500 mil euros, cerca de R$ 2,6 milhões

Cocaína (Foto: O.Bellini/Shutterstock)

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Rádio Brasil Atual - Uma vacina brasileira, a Calixcoca, desenvolvida nos laboratórios da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é a vencedora do Prêmio Euro Inovação da Saúde. Trata-se de um medicamento contra os efeitos da cocaína e crack. Em cerimônia nesta quarta-feira (18), a equipe responsável recebeu 500 mil euros (cerca de R$ 2,6 milhões) da empresa organizadora, a multinacional farmacêutica Eurofarma, que atua em mais de 20 países. Cientistas de 17 países, além de um concorrente da própria UFMG, que desenvolve uma nova vacina contra a covid, disputaram o prêmio.

Segundo os pesquisadores, o medicamento induz o sistema imunológico a produzir anticorpos que se ligam a essas drogas na corrente sanguínea. E as transformam em uma molécula grande, incapaz de atravessar a chamada barreira hematoencefálica. Ou seja, a estrutura cuja função é regular o transporte de substâncias entre o sangue e o cérebro, barrando assim a entrada de substâncias tóxicas e de hormônios plasmáticos em excesso.

O projeto já passou por testes pré-clínicas, que constataram segurança e eficácia no tratamento dos efeitos dessas drogas. Em testes com cobaias, a sustância se mostrou capaz de prevenir as consequências obstétricas e fetais da exposição às substâncias durante a gravidez. 

As pesquisas da Calixcoca são financiadas pelos governos federal e estadual

No entanto, segundo o coordenador da pesquisa, o professor Frederico Garcia, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina, a vacina não pode ser encarada como panaceia. “A vacina não seria indicada indiscriminadamente para todas as pessoas com transtorno por uso de cocaína. É preciso fazer uma avaliação científica para identificar com precisão como funcionaria. E para quem ela seria eficaz de fato”, disse em entrevista ao Portal UFMG.

Mais votada por médicos de 17 países, a Calixcoca superou outras 11 iniciativas inovadoras em saúde desenvolvidas na América Latina. “Essa conquista representa uma grande vitória para a comunidade de pesquisadores da UFMG e para a ciência brasileira. A Calixcoca traz esperança porque se apresenta como uma importante alternativa de tratamento contra as drogas. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer. E esse prêmio nos estimula a continuar trabalhando para que a vacina cumpra todas as suas etapas de desenvolvimento”, disse a reitora Sandra Goulart Almeida.

Os governos federal e de Minas Gerais, além de verbas de emendas parlamentares, financiam as pesquisas da Calixcoca. A continuidade depende de novos aportes financeiros. No fim de agosto, o projeto da vacina foi apresentado ao ministro Camilo Santana, da Educação. Em julho, quando a ministra da Saúde Nísia Trindade visitou a universidade, o secretário estadual de Saúde, Fábio Baccheretti, anunciou aporte de R$ 10 milhões no projeto. Há também medidas sendo tomadas para a proteção nacional e internacional da tecnologia com vista ao seu licenciamento.

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