247 - A Huawei apresentou uma nova plataforma de código aberto voltada para otimizar o uso de processadores dedicados à inteligência artificial. A iniciativa, anunciada durante um evento da empresa em Xangai, integra o esforço chinês para ampliar sua autonomia tecnológica em meio às restrições de acesso aos chips mais avançados do mercado.
De acordo com o South China Morning Post, a empresa afirmou que o software, batizado Flex:ai, pode elevar em cerca de 30% a taxa de utilização de chips de IA, ao permitir o gerenciamento inteligente de diferentes tipos de aceleradores. A ferramenta será disponibilizada por meio da comunidade ModelEngine, da própria Huawei.
Construída sobre a plataforma aberta Kubernetes, a solução funciona como um sistema de orquestração capaz de integrar GPUs, NPUs e outros aceleradores produzidos por diferentes fabricantes. Entre as funções apresentadas, o Flex:ai permite dividir uma única placa em múltiplas unidades virtualizadas, o que possibilita a execução simultânea de várias cargas de trabalho de IA.
Segundo a Huawei, o software conta ainda com um escalonador inteligente, o Hi Scheduler, responsável por distribuir tarefas e realocar recursos ociosos entre nós distintos para acelerar processos de treinamento e inferência.
Zhou Yuefeng, vice-presidente e chefe da divisão de armazenamento de dados da companhia, explicou que a ferramenta responde a uma demanda crescente por eficiência em grandes clusters de processamento. “Tarefas menores raramente utilizam toda a capacidade de uma placa, enquanto as maiores não podem ser processadas por apenas uma”, afirmou. Para ele, o desafio de levar modelos de IA ao uso prático exige soluções abertas e colaborativas: “Fazer a IA funcionar em cenários reais é difícil. Os engenheiros da Huawei não conseguem fazer isso sozinhos”.
A nova solução foi desenvolvida em parceria com pesquisadores da Universidade Jiaotong de Xangai, da Universidade Jiaotong de Xi’an e da Universidade de Xiamen. Ela chega em um momento de forte investimento de empresas chinesas em otimização de software para compensar limitações no fornecimento de chips de última geração, ao mesmo tempo em que cresce a escala dos clusters utilizados em projetos de IA.
A proposta da Huawei guarda semelhanças com ferramentas desenvolvidas pela israelense Run:AI, adquirida pela Nvidia em 2024, que também gerenciam cargas de trabalho distribuídas em grandes fazendas de GPUs.
Em outra frente, a empresa chinesa já havia apresentado, em agosto, o Unified Cache Manager (UCM), software projetado para agilizar processos de inferência ao organizar dados em diferentes camadas de memória conforme a necessidade de latência. A tecnologia busca reduzir a dependência de componentes de alta largura de banda importados, reforçando a estratégia de autonomia no ecossistema de IA.

Luis Mauro Filho

Visitantes passam em frente ao logo da Huawei no Festival Mundial de Inteligência Artificial de Cannes, em Cannes, na França
10/02/2023 

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Negócios

Huawei libera software para ampliar desempenho de chips de IA

(Reuters) - O Departamento de Comércio dos EUA está investigando se a DeepSeek – a empresa chinesa cujo modelo de IA impactou o mundo da tecnologia – tem utilizado chips americanos que não estão autorizados a serem enviados para a China, segundo uma fonte familiarizada com o assunto.
Na semana passada, a DeepSeek lançou um assistente gratuito que, segundo a empresa, usa menos dados e custa uma fração dos modelos americanos. Em poucos dias, tornou-se o aplicativo mais baixado na App Store da Apple e levantou preocupações sobre a liderança dos EUA em IA, desencadeando uma queda que eliminou cerca de US$ 1 trilhão do valor de mercado das empresas de tecnologia americanas.
As restrições atuais aos processadores de inteligência artificial da Nvidia têm o objetivo de impedir que seus chips mais sofisticados cheguem à China.
De acordo com a fonte, o contrabando organizado de chips de IA para a China tem sido rastreado a partir de países como Malásia, Cingapura e Emirados Árabes Unidos.
O Departamento de Comércio e a DeepSeek não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.
Um porta-voz da Nvidia afirmou que muitos de seus clientes possuem entidades comerciais em Cingapura e as utilizam para produtos destinados aos EUA e ao Ocidente.
"Exigimos que nossos parceiros cumpram todas as leis aplicáveis e, caso recebamos informações em contrário, agiremos de acordo", disse a Nvidia.
A DeepSeek afirmou ter usado chips H800 da Nvidia, que poderiam ter sido adquiridos legalmente em 2023. A Reuters não conseguiu determinar se a empresa utilizou outros chips restritos que não podem ser enviados para a China.
A DeepSeek aparentemente também possui os chips H20, menos potentes, que ainda podem ser legalmente enviados para a China. O governo dos EUA considerou restringi-los sob a administração Biden, e membros recém-nomeados do governo Trump estão discutindo essa possibilidade.
O CEO da empresa de IA Anthropic, Dario Amodei, afirmou no início desta semana que "parece que uma parte substancial da frota de chips de IA da DeepSeek consiste em chips que não foram proibidos (mas deveriam ser), chips enviados antes de serem banidos e alguns que provavelmente foram contrabandeados".
Os EUA impuseram uma série de restrições para barrar a exportação de chips de IA para a China e planejam limitar o envio desses componentes para vários outros países.

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