Produtores de soja no Brasil veem baixa chance de China atender pedido de Trump
Presidente dos EUA sugeriu quadruplicar compras do grão norte-americano, mas setor brasileiro aponta inviabilidade e mantém cautela
247 - Produtores e representantes do setor de soja no Brasil avaliam como improvável que a China atenda ao pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para “quadruplicar” as importações do grão norte-americano. A demanda, feita no domingo (10) por meio da rede Truth Social, foi apresentada como forma de reduzir o déficit comercial dos EUA e atender a uma suposta preocupação chinesa com a escassez do produto.
De acordo com a CNN Brasil, lideranças do agronegócio brasileiro tratam o assunto com prudência. Por enquanto, aguardam mais detalhes e não planejam uma reação imediata. A avaliação inicial é que seria inviável para a China substituir a soja brasileira pela norte-americana “de uma hora para outra”. Além da limitação da oferta nos Estados Unidos, a oleaginosa do Brasil é considerada mais competitiva, com melhor relação custo-benefício e maior teor de óleo e proteína.
Em 2024, o país asiático importou cerca de 105 milhões de toneladas de soja, sendo 74 milhões vindas do Brasil e 22 milhões dos EUA. Para produtores brasileiros, não há excedente norte-americano capaz de alterar significativamente esse cenário no curto prazo.
Antes da primeira gestão de Donald Trump, os Estados Unidos ocupavam posição de destaque como principais fornecedores da oleaginosa para a China. No entanto, a guerra comercial iniciada durante seu governo provocou uma reconfiguração no mercado, favorecendo o Brasil.
Para a especialista do núcleo de Ásia do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) e sócia da Vallya Participações, Larissa Wachholz, a diversificação de fornecedores conquistada pelos chineses foi resultado de um esforço estratégico. Por isso, “o país não teria interesse em caminhar para uma nova dependência”.
Ex-assessora especial do Ministério da Agricultura para temas relacionados à China, Larissa destaca que houve uma quebra de confiança entre Pequim e Washington envolvendo um “produto tão essencial como a soja” para os chineses.



