Venezuela adverte "inimigos" em meio à visita dos Estados Unidos à Guiana
Caracas criticou a visita de um alto funcionário de Defesa dos EUA à Guiana para criar uma aliança militar com o país em meio à disputa sobre Essequibo
247 - O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, criticou o governo dos Estados Unidos por agir com "rancor" devido à visita que um alto funcionário de Defesa está realizando nestes dias à Guiana, em meio à forte disputa pelo território de Esequibo.
"Este fato sem dúvida nos permite ter certeza de que o rancor contra a Venezuela, a defesa das atividades criminosas de suas transnacionais e dos governos fantoches como o da Guiana são uma questão de interesse bipartidário nos Estados Unidos", afirmou Padrino.
Ele enfatizou que "a Força Armada Nacional Bolivariana defenderá a Venezuela até o último de seus esforços" e advertiu os "inimigos" de Caracas de que o principal objetivo das tropas é "precisamente defender seu território nacional", segundo o jornal local Últimas Notícias.
O Subsecretário Assistente do Departamento de Defesa para o Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos, Daniel Erikson, iniciou ontem uma viagem de dois dias à Guiana para "apoiar a estabilidade regional" em meio às tensões geradas nas últimas semanas pela disputa sobre a região de Esequibo, reivindicada pela Venezuela mas sob administração guianense.
A visita ocorre um mês após os exercícios militares que os Estados Unidos realizaram na nação caribenha em meio à tensão pela disputa centenária com a Venezuela pelo território de 160.000 quilômetros quadrados rico em petróleo e minerais.
Erikson, que chegou à capital, Georgetown, para encontros com representantes do governo guianense, da Força de Defesa (GDF) desse país e representantes da Comunidade do Caribe (Caricom), foi recebido nesta terça-feira pelo presidente Irfaan Ali, com quem trocou impressões sobre a "segurança regional".
Ali recebeu o Subsecretário Assistente de Defesa para o Hemisfério Ocidental em seu gabinete junto a membros de seu governo e das forças militares.
ENTENDA A DISPUTA - Em dezembro do ano passado, a Venezuela realizou um referendo que viu quase 96% da população votar a favor da incorporação de Essequibo ao país. O presidente Irfaan Ali classificou a medida como uma ameaça à segurança nacional do país e prometeu levantá-la ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Ali e Maduro reuniram-se em São Vicente e Granadinas sob os auspícios da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e da Comunidade do Caribe, num esforço para acalmar as tensões. A presidência venezuelana disse mais tarde que os dois líderes concordaram em continuar o diálogo para resolver a disputa.
Venezuela e Guiana também concordaram em não ameaçar ou usar a força em nenhuma circunstância para resolver a disputa sobre o território de Essequibo.
A Venezuela conquistou a independência da Espanha em 1845, com Essequibo reconhecido como parte do seu território soberano. Em 1899, porém, o Reino Unido entrou com um processo e ganhou uma ação arbitral para reconhecer Essequibo como parte de sua então colônia caribenha da Guiana Britânica. A Guiana Independente citou esta Sentença Arbitral de 1899 no seu processo do Tribunal Internacional de Justiça de 2018 contra a Venezuela, reivindicando soberania sobre o território disputado. (Com informações de agências).
