Venezuela pede reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU
Chanceler Yván Gil pede debate imediato em meio à movimentação militar dos EUA no Caribe
247 - O governo da Venezuela solicitou nesta quinta-feira (9) uma reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em resposta ao que descreve como uma “grave escalada de agressões e um inédito deslocamento militar dos Estados Unidos no Caribe”, segundo informou o chanceler venezuelano Yván Gil em comunicado divulgado no canal oficial da chancelaria.
O pedido foi encaminhado ao embaixador russo Vassily Nebenzia, que atualmente preside o Conselho. No documento, Caracas detalha as movimentações militares norte-americanas nas últimas semanas e menciona declarações atribuídas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que teria determinado a suspensão de todos os canais diplomáticos com o país sul-americano.
“Na região do Caribe Sul se registrou um desdobramento militar sem precedentes por parte dos EUA, incluindo destruidores míssilísticos, aviões de combate, tropas de elite e até um submarino nuclear, todos localizados a poucas milhas das costas venezuelanas”, diz a nota assinada pelo representante venezuelano na ONU, Samuel Moncada.
Pressão energética e geopolítica
O anúncio ocorre no mesmo dia em que a vice-presidente executiva Delcy Rodríguez denunciou, durante o Fórum Internacional do Gás de São Petersburgo, que os Estados Unidos estariam tentando “apropriar-se dos recursos energéticos do Caribe por meio de ameaças militares e pressões econômicas”.
Em mensagem por videoconferência, Rodríguez afirmou que Venezuela e Rússia concentram 24% das reservas energéticas mundiais, o que explicaria, segundo ela, a ofensiva norte-americana contra os dois países.
“Os Estados Unidos querem apoderar-se dos hidrocarbonetos do planeta para sustentar seu domínio hegemônico frente a um novo mundo que se ergue com os países dos BRICS na vanguarda”, declarou.
A vice-presidente vinculou as tensões militares no Caribe a uma disputa mais ampla pela transição energética e pelas rotas de gás e petróleo. Segundo ela, o conflito na Ucrânia e a expansão da OTAN tiveram “um claro objetivo econômico: deslocar a Rússia do mercado europeu de gás”, o que teria resultado em “desindustrialização e perda de competitividade na Europa” devido ao alto custo do gás importado dos EUA.
Venezuela como fornecedor estratégico
Rodríguez lembrou que a Venezuela possui as maiores reservas de gás do hemisfério ocidental, e que o país se prepara para ascender ao quarto lugar mundial após processo de certificação. A demanda regional por gás, disse ela, deve crescer 132% até 2040, e Caracas se apresenta como “fornecedor-chave na transição energética global”, apoiada em sua infraestrutura e nas alianças estratégicas com países como a Rússia.
A vice-presidente destacou ainda a assinatura do Tratado de Associação Estratégica e Cooperação entre Rússia e Venezuela, que amplia a colaboração bilateral em hidrocarbonetos e gás offshore e “consolida um bloco energético independente das sanções ocidentais”.
“Defendemos a soberania energética dos nossos povos frente às potências que tentam apropriar-se do que não lhes pertence”, afirmou Rodríguez, ao encerrar sua participação no fórum.
Com informações da RT Español e TeleSUR.


