As condições estão dadas ao país. A hora é agora, soltar as amarras do passado e içar velas rumo ao futuro. O Brasil pode muito mais
Marcio Pochmann
"Há 60 anos, Celso Furtado lastimou a vida rural pobre e improdutiva, em que se cultivava só para subsistir. No país empobrecido de hoje, fenômeno adentrou as cidades. Entre o informal e o ilegal, precarização tornou-se cotidiano das maiorias", escreve o economista Márcio Pochmann
Mesmo com a Dívida Líquida Consolidada do Setor Público sob o receituário neoliberal aplicado pelo governo Temer tendo sito multiplicado por 28 vezes mais rapidamente que no mandato de Dilma, o tema praticamente desapareceu do noticiário nacional. Interessante observar ainda o "esquecimento" da mídia e dos comentaristas e analistas neoliberais do fato de o Brasil caminhar rapidamente para a 12ª maior dívida pública do planeta
Da Ponte para o Futuro à injustiça do TRF4, Brasil só vê o prolongamento da recessão e a ruptura da democracia. Em meio ao prolongamento da recessão, o ajuste fiscal produziu mais desajuste nas contas públicas, sufocando os governos federal, estaduais e municipais e degenerando ainda mais as condições de vida da população
Em 2018, a permanência da asfixia do setor público seguirá estimulando o rentismo improdutivo, na mesma medida em que a receita de anabolizante ao paciente faz crescer os músculos sob o risco de maior câncer ou o próprio infarto do usuário
País precisa construir uma nova matriz tributária que alie exigências da economia sustentável aos novos requisitos da sociedade de serviços e cujo objetivo seja orientado pela busca da equidade
Depois da deposição de Dilma e a implementação de um programa neoliberal, impedimento da presença de Lula nas eleições presidenciais de 2018 visa a subjugar de vez a política aos interesses do mercado
No ano de 2012, o segmento etário de 15 anos e mais de idade e com rendimento de até 2 salários mínimos mensais que respondeu por 68% da população brasileira, detinha menos de 1/3 do total dos rendimentos, mas contribuía com 42,1% do total da arrecadação tributária nacional.
Percebe-se a volta da velha e conhecida condição nacional assentada no baixo rendimento do trabalho, com desigualdade ampliada. A normalidade histórica, nesse sentido, está sendo restabelecida pelo governo Temer, demarcada pela democracia de aparência, da economia dependente do exterior e da exclusão dos pobres do orçamento público.
A insatisfação generalizada dos brasileiros com o governo Temer ainda não se traduziu na convergência explosiva das massas. Mas isso pode ocorrer tão logo se constitua uma força alternativa com credibilidade e confiança suficiente em suas proposições
Política de austeridade nas contas públicas atuou como uma espécie de motosserra giratória a cortar gastos públicos, mas resultado foi enganoso
Comportamento distinto entre a inflação, em queda, e a dívida pública, em alta, desmente a necessidade de cortar gastos públicos