11 de agosto: cartas de sonhos e de utopias
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Em 1977, eu tinha 21 anos e aprendi muito com a Carta aos Brasileiros, quando ela foi lida no Largo São Francisco, na capital paulista, e divulgada amplamente pelos jornais independentes da época. Foi a primeira vez que eu entendi a diferença gritante entre o legal e o legítimo (a carta destacava este aspecto jurídico), e que ambos devem ser considerados para garantir o Estado Democrático de Direito.
Claro, era uma época de repressão aberta, de censura e de perseguições políticas. A inquietação, a rebeldia e o mal-estar da juventude era intenso e, talvez por isso, o impacto que esta carta causou em nós também foi muito forte.
Acredito que, naquela época, o legítimo foi mais assimilado do que o legal, pois surgiram diferentes movimentos sociais em várias regiões do país que lutavam contra o autoritarismo, por melhores condições de vida, por direitos civis etc. Daí veio a campanha pela Anistia, a Constituinte Livre e Soberana e as Diretas Já. Em 1979, por exemplo, ocorreu o Congresso de Reconstrução da UNE, das UEEs, depois a fundação da CUT e do PT, entre outras articulações.
É verdade que perdemos algumas daquelas batalhas, mas também avançamos ao aprender que era preciso organizar mais e mais, para conseguir mobilizar amplos setores da sociedade.
Lembro que era um tempo de sonhos e de utopias, que serviam pra gente caminhar e conquistar o direito de viver em paz. Isso aconteceu há mais de 35 anos, mas eu acredito que a nova Carta pela Democracia e a Justiça pode se tornar um marco de mobilizações no país. Tudo vai depender das pessoas que valorizam as conquistas da Constituição de 1988 e do surgimento de novas rebeldias.
Tudo se tornará menos institucional se as organizações e as pessoas voltarem a distinguir a importante diferença entre o legal e o legítimo. Se outras cartas e mobilizações pipocarem (sem pedir licença) pelo Brasil.
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