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Adão Pretto Filho

Deputado estadual pelo PT-RS

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29 anos do massacre de Eldorado dos Carajás: memória viva e luta permanente

"Neste 17 de abril, o Brasil lembra — com dor, indignação e resistência — os 29 anos do massacre de Eldorado dos Carajás"

29 anos do massacre de Eldorado dos Carajás: memória viva e luta permanente (Foto: Foto: Reprodução)

Neste 17 de abril, o Brasil lembra — com dor, indignação e resistência — os 29 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. Naquele dia de 1996, por volta das 16h, 21 trabalhadores rurais sem terra foram brutalmente assassinados pela Polícia Militar do Pará, durante uma marcha pacífica por reforma agrária. A violência covarde de 155 policiais, que ceifou vidas inocentes, naquela curva da rodovia PA-150 não pode ser esquecida. É uma ferida aberta na história do Brasil que nos obriga, ano após ano, a lembrar e lutar para que nunca mais se repita.

E é justamente para que a memória não seja apagada que precisamos continuar denunciando as perseguições que, ainda hoje, recaem sobre os movimentos sociais, em especial sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O MST não é, como tentam pintar seus detratores, uma ameaça. Ao contrário: é parte fundamental da solução para os problemas estruturais do nosso país, sobretudo para os que mais precisam. Em tempos de fome, insegurança alimentar e concentração de terras, o MST tem se mostrado um dos maiores produtores de alimentos saudáveis do Brasil, abastecendo feiras, escolas e comunidades inteiras com alimentos agroecológicos, produzidos com respeito à terra e às pessoas.

Mesmo assim, o preconceito contra o movimento continua sendo alimentado por setores conservadores da sociedade e por parte da mídia, que tentam criminalizar uma luta justa e legítima. A consequência dessa criminalização pode ser medida em episódios com os quais ainda temos que conviver, como o que ocorreu esta semana em Recife: dois integrantes do MST foram atropelados de forma criminosa durante uma marcha pacífica por reforma agrária. Um deles está hospitalizado, em estado grave. É mais um capítulo doloroso de violência contra quem luta por justiça social no campo.

A reforma agrária continua sendo uma necessidade urgente. O Brasil precisa de mais assentamentos, de mais famílias produzindo com dignidade, de mais políticas públicas voltadas ao campo. Precisamos enfrentar o latifúndio improdutivo, a grilagem, o desmatamento e a violência armada que ainda imperam em muitas regiões do nosso país.

É nosso dever — meu e dos demais parlamentares brasileiros que são comprometidos com os direitos do povo — defender a vida, o acesso à terra e à comida. Que cada passo de quem marcha hoje seja também um grito de resistência e esperança. A memória dos lutadores que foram mortos em Eldorado dos Carajás nunca será esquecida. Seguiremos firmes, de punho erguido, até que a terra esteja de fato nas mãos de quem nela trabalha.

A luta pela reforma agrária é a luta por um Brasil mais justo. E ela continua!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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