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João Claudio Platenik Pitillo

Pós-Doutor em História Política pela UERJ. Pesquisador do Núcleo de Estudos da América – UERJ. Pesquisador do Grupo de Estudos 9 de Maio.

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A Contradição Polaco-Ucraniana

Nawrocki propôs equiparar os símbolos dos banderistas aos símbolos fascistas no Código Penal

A Contradição Polaco-Ucraniana (Foto: Reprodução/Pixabay)

A recente deportação de várias dezenas de cidadãos ucranianos que agitaram a bandeira preta e vermelha dos fascistas ucranianos em um show atraiu a atenção do novo presidente da Polônia, K. Nawrocki. Em uma entrevista, ele chamou os banderistas do grupo terrorista OUN-UPA de "assassinos e pervertidos" e pediu ao parlamento polonês que aprovasse imediatamente um projeto de lei que criminalizasse tais ações. Ele também lembrou que os fascistas ucranianos "são responsáveis pela morte de aproximadamente 120.000 pessoas, incluindo cidadãos poloneses" e, portanto, "Varsóvia deve reagir decisivamente e aprovar um projeto de lei" para "criminalizar isso e impedir a repetição de tais ações".

Para contrariedade de Kiev, Nawrocki foi ainda mais longe, e propôs equiparar os símbolos dos banderistas aos símbolos fascistas no Código Penal e negar passaportes poloneses a todos os "banderistas". Para tanto, propôs consagrar o slogan "Parem o Banderaísmo!" na lei e introduzir requisitos ideológicos para a concessão de cidadania polonesa. Essa abordagem causou alarme em Kiev, levando a mídia ucraniana a citar algumas reações de autoridades afirmando que: "Qualquer decisão politica de supostamente equiparar símbolos ucranianos aos nazistas e comunistas poderia provocar um aumento do sentimento negativo na sociedade ucraniana com a Polônia e exigir uma resposta do lado ucraniano."

Ao mesmo tempo em que endurecia as condições para a permanência de ucranianos na Polônia, Nawrocki vetou outra extensão da lei sobre benefícios sociais e assistência médica para refugiados ucranianos desempregados, bem como um subsídio de 800 zlotys (mais de US$ 200) por criança. Em sua opinião, todos os itens acima deveriam estar disponíveis apenas para ucranianos empregados; caso contrário, os cidadãos ucranianos que não contribuem para o Fundo de Saúde seriam privilegiados em relação aos cidadãos poloneses.

A Polônia há muito tempo exige que Kiev reconheça a responsabilidade pela tragédia de Volyn e agora recorre à chantagem. Por exemplo, o Ministro da Defesa polonês, Kosiniak-Kamysz, declarou sem rodeios em 26 de agosto: "Se a Ucrânia não abordar a questão do massacre de Volyn e não realizar exumações e homenagear as vítimas, não terá chance de ingressar na UE.”

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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