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Rodrigo Vianna

Jornalista desde 1990. Passou por Folha, TV Cultura, Globo e Record; e hoje apresenta o "Boa Noite 247". Vencedor dos Prêmios Vladimir Herzog e Embratel de Jornalismo, é também Mestre em História Social pela USP. Blogueiro, integra a direção do Centro de Estudos Barão de Itararé.

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A crise chegou aos quartéis: Bolsonaro divide até a caserna

"Bolsonaro está próximo de um beco sem saída. Busca no comando militar o único apoio institucional que lhe resta fora do Centrão; este último, por sua vez, parece mais alinhado com a elite econômica disposta a encerrar o desastroso governo", escreve o jornalista Rodrigo Vianna, apresentador da TV 247

(Foto: Marcos Corrêa/PR)
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Por Rodrigo Vianna

O governo Bolsonaro se desfaz. Depois de ter trocado o terceiro Ministro da Saúde em um ano, e de ter sido obrigado a demitir o Ministro das Alucinações Exteriores, o presidente vê agora a crise desembocar na caserna.

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A nota seca publicada pelo Ministro da Defesa, logo após ser obrigado a pedir demissão por Bolsonaro, deixa um recado certeiro: no cargo, diz o demissionário Fernando Azevedo e Silva, sempre “preservei as Forças Armadas como instituições de Estado”. Há alguém querendo usá-las de outra forma? Todos sabemos que sim.

Lembremos que Azevedo foi o chefe militar levado por Toffoli para o STF. Era ele uma ponte entre fardados e togados, a negociar vetos e votos. A ponte se quebrou, o que indica que o Supremo pode virar alvo não apenas de cabos e soldados, mas também de generais. 

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Aí está o centro de tudo, a mãe de todas as crises que agora se desenlaça. Atordoado, pressionado e vendo seu governo se desfazer, Bolsonaro pediu arrego aos comandantes das três forças. Certamente há entre eles (na reserva e na ativa) quem tope usar as FFAA como instituição não de Estado, mas de salvação de um governo que implode sob a sombra de 300 mil mortos.

General Etchegoyen, articulador do golpismo de Temer, saiu das sombras nos últimos dias para reclamar duramente das decisões do STF que trazem Lula de volta ao jogo. Bolsonaro, é o que se diz em Brasília, procurou os comandantes militares para pedir apoio na aventura golpista. O filho dele Eduardo tuitou dizendo que é hora de romper a “ditadura” dos governadores – que tentam colocar alguma ordem na baderna bolsonarista da Saúde. 

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O jogo de palavras de Eduardo Bolsonaro, como sempre invertido e pervertido, deixa claro o objetivo da radicalização: fechar o regime, se possível com apoio das três forças. E salvar Bolsonaro do vexame de ser derrotado nas urnas por Lula em 2022.

A nota de Azevedo, assim, foi um recado para Bolsonaro, mas também para uma parte dos colegas de farda.

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A nota mostra que há grave divisão política nas Forças Armadas:

- se estivessem todos fechados com a ideia de um autogolpe bolsonarista, Azevedo não precisaria se demitir, e seria ele mesmo chefe do arranjo militar que levaria o Brasil a um abismo ainda maior;

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- se houvesse clara maioria contra o golpismo fardado, Azevedo enquadraria os rebeldes e ajudaria a encerrar o desastroso governo do capitão genocida.

Ao se demitir, de surpresa, Azevedo revela que a grave crise de governabilidade chegou aos quartéis. Isso em meio a ameaças de rebelião policial, fomentada por deputados extremistas, e às vésperas do 31 de março, quando a linha dura militar pretende comemorar mais um aniversário infame da ditadura de 1964.

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Bolsonaro está próximo de um beco sem saída. Busca no comando militar o único apoio institucional que lhe resta fora do Centrão; este último, por sua vez, parece mais alinhado com a elite econômica disposta a encerrar o desastroso governo.

Bolsonaro começou 2021 com a perspectiva de um arranjo firmado no binômio: Militares + Centrão = estabilidade.

A equação mudou: Militares + Centrão = instabilidade. Os fardados e os extremistas seguem a ser maioria no ministério.

Não esperemos um confronto aberto de deputados e senadores conservadores com a caserna. Mas uma disputa desgastante e preocupante, num país já dominado pela epidemia e o desgoverno. 

Enquanto isso, Mourão conta as tropas nos quartéis e os votos no Congresso. E pisca para a elite econômica: por que não eu?   

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