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    Ângelo Cavalcante

    Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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    A crise petista

    O critério único e finalístico do mandarim petista para a existência ou não de crise nos rumos do Partido é tão somente o aumento de filiados na legenda? Essa é de arrepiar os cabelos!

    O critério único e finalístico do mandarim petista para a existência ou não de crise nos rumos do Partido é tão somente o aumento de filiados na legenda? Essa é de arrepiar os cabelos! (Foto: Ângelo Cavalcante)

    A última é do Rui Falcão, atual presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT). Disse Falcão que "não, nós [do PT] não estamos em crise porque, saibam vocês que temos duzentos mil pedidos de filiação".

    Assusta, para não dizer coisa pior! O critério único e finalístico do mandarim petista para a existência ou não de crise nos rumos do Partido é tão somente o aumento de filiados na legenda? Essa é de arrepiar os cabelos! Veja bem... Eu disse "filiados", nem disse "militantes" posto que "uma coisa é uma coisa e outra coisa, efetivamente, é outra coisa".

    A crise, Senhor Falcão, é maior, mais ampla e profunda. Não se restringe aos quantitativos de filiados, não diz respeito ao número de fichas de filiação abonadas, não é de quantidade, ao contrário é de qualidade. A crise é sobre a qualidade da militância partidária, sobre os níveis de profundidade e de compromisso social e político com a inarredável causa do socialismo brasileiro, condição única para a própria refundação do Brasil sobre bases efetivamente legítimas e justas.

    Não é o numerário partidário, aliás, lembre-se de que o período em que o PT mais contribuiu com a democracia brasileira ele possuía bem poucos filiados e muitos militantes. Foi o tempo das lutas pela abertura democrática, pelo resgate dos sindicatos da "pelegada", pela criação de instrumentos de luta como a CUT, o MST e a Central de Movimentos Populares,

    A crise é outra! Respeita o imperativo de reafirmarmos bandeiras essenciais e que alimentam a caminhada de brasileiras e brasileiros sérios e sinceros que acreditam que esse país pode ser melhor do que tem sido e que por isso, se utilizaram do instrumento político e jurídico do PT para pressionarem por mudanças profundas e estruturais, coisa que o PT, por doze anos, vem se negando a fazer.

    Aliás, onde está a causa da reforma agrária tão defendida por Lula e pelo PT? E a reforma urbana, exigência fundamental e central para o mínimo de integração e de coesão das horrendas cidades brasileiras? E a reforma tributária, outro norte essencial e esquecido pelo PT, aliás, nunca os capitalistas brasileiros pagaram tão poucos impostos, ao passo que o oceano de pobres do país entrega de quarenta a cinquenta por cento de seus soldos mequetrefes para o muito burguês e ineficiente Estado brasileiro e que, como se bem sabe, retorna bem pouco do que recebe dos vassalos tupiniquins.

    Se a crise político-partidária do PT se limitasse ao seu plantel de filiados, estaríamos no melhor dos mundos. O problema é outro, bem outro. Aliás, cacarejar bobagens como essas e que Falcão não se cansa de fazer na grande imprensa só afirma a crise institucional pela qual passa o Partido dos Trabalhadores.

    É a exceção que apenas afirma a regra porque afirma o caráter burocrático, burguês e antissocial do PT contemporâneo. Se Falcão não sabe, estas são preocupações eminentemente burocráticas de cariz midiático, ilusório e impressionista.

    Não é verdadeiro, sincero ou central.

    A que pontos chegamos! Viramos tucanos corados!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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