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Ricardo Cappelli

Ricardo Cappelli é secretário da representação do governo do Maranhão em Brasília e foi presidente da União Nacional dos Estudantes

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A direita na vanguarda

"Por enquanto, a direita tem surfado melhor na crise", escreve o colunista Ricardo Cappelli. "Por incrível que pareça, assumiu a vanguarda com muito mais sagacidade que a esquerda", acrescenta. Ele, porém, faz um alerta: "O rumo da direita é uma ideologização travestida de pragmatismo que nos conduzirá à catástrofe"

(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABR)
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Na pesquisa divulgada pelo jornal Le Figaro, 77% dos franceses dizem que votarão em candidatos anti-sistema. O fenômeno é global. O sistema está sendo atropelado pelas radicais transformações do mundo capitalista.  

Como fazer a máquina girar com o maior nível de concentração de renda e exclusão da história? Como aquecer economias sem consumidores? O que fazer com o desemprego estrutural e a formação de um exército de “inimpregáveis”?  

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A crise é tão profunda que levou para o divã até insuspeitos liberais. O economista André Lara Resende, um dos pais do Plano Real, aderiu à heterodoxia e passou a defender uma nova teoria monetária. Armínio Fraga virou defensor do combate às desigualdades sociais.  

Por enquanto, a direita tem surfado melhor na crise. Por incrível que pareça, assumiu a vanguarda com muito mais sagacidade que a esquerda.  

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Paradoxalmente, a direita brasileira virou sinônimo de destruição do establishment e ousadia.   

Quem bate na Globo como ninguém nunca bateu? Bolsonaro. Quem diz que o Brasil é um país comandando por cinco banqueiros e duzentos milhões de idiotas? Paulo Guedes.   

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Se a vida piorou, os serviços públicos continuam precários e o Estado é incapaz de apresentar soluções, que tal destruí-lo peitando as instituições ineficientes e corruptas que lhe dão sustentação?   

Na política, o resultado, cedo ou tarde, cobra seu preço. Na história, grandes transformações são movidas por utopias. Quando o concreto se impõe à ilusão, os muitos passos já dados impedem um retorno ao ponto de partida. A roda da história só gira para frente.  

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A esquerda governou o país por 13 anos. São incontestáveis os avanços sociais neste período. Entretanto, que mudanças estruturais foram feitas? Mudamos a lógica tributária altamente regressiva? Enfrentamos a concentração do mercado de capitais? Taxamos dividendos e grandes fortunas? Revertemos nossa desindustrialização? Reduzimos a jornada de trabalho?  

Apesar dos enormes avanços, alteramos estruturalmente nosso dramático déficit educacional? E o subfinanciamento do SUS? Acabaram as filas e macas nos corredores dos hospitais? Dois anos de queda do PIB solaparam boa parte das conquistas. Na última pesquisa XP, 50% dos entrevistados consideram que a culpa pela crise atual é de Lula (31%) e de Dilma (19%).   

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A maioria das respostas apresentadas pela esquerda até aqui parecem vindas diretamente do túnel do tempo. Na economia, são as mesmas propostas da década de 80. Por que não fizemos? Nunca fomos governo? O mundo continua o mesmo?  

No debate sobre a reforma administrativa, por exemplo, enquanto o governo propõe demolir o estado “ineficiente e atrapalhador do empreendedorismo”, a oposição parece continuar agarrada às corporações.  Nenhuma proposta nova? Manter o modelo atual é suficiente?   

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Com o mundo do trabalho em xeque e a sociedade em acelerada transformação, parece inútil tentar consertar o carro velho. É necessário pensar fora da caixinha, propor novos paradigmas.  

O rumo da direita é uma ideologização travestida de pragmatismo que nos conduzirá à catástrofe. Uma esquerda conservadora estruturalmente – por mais paradoxal que possa parecer - e “modernosa” no campo comportamental, será mera expectadora do precipício.   

Curiosamente, diante de um presidente que chuta o sistema todos os dias prometendo o restabelecimento da ordem e da segurança, ser de esquerda passou a ser sinônimo de defesa do sistema, de volta ao passado recente e “culpado”.

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