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Carlos Carvalho

Doutor em Linguística Aplicada e professor na Universidade Estadual do Ceará - UECE.

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A grande farsa

"Quando chamado de farsa, o farsista costuma sair de fininho, pois percebe ali que foi desmascarado e, como nada tem a dizer, prefere sair da cena"

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
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A farsa é um tipo de peça teatral de comicidade exagerada, burlesca e irreverente, que tem no dramaturgo Gil Vicente (1465-1536) um dos seus principais representantes. Em outro sentido, o mesmo termo também é usado para designar algo que é ridículo, um embuste. Por extensão, farsante é aquela pessoa que pratica atos ridículos ou graceja constantemente. Este tipo de gente também é chamado de farsista (não confundir com fascista, embora uma mesma pessoa possa assumir as duas classificações). O farsista é uma pessoa sem seriedade e sem palavra.

Quando chamado de farsa, o farsista costuma sair de fininho, pois percebe ali que foi desmascarado e, como nada tem a dizer, prefere sair da cena. Se a presença do farsista se limitasse ao teatro seria sempre uma imensa alegria poder desfrutar de obras como a Farsa de Inês Pereira (1523), de Gil Vicente ou A Farsa da Boa Preguiça (1960), de Ariano Suassuna, no contexto da grande dramaturgia que diverte, encanta e, por isso mesmo, nos mantém em consonância com a realidade. O problema é que os farsantes, empoderados pela estupidez que assola o mundo, de repente foram instados por seus donos a ocuparem mais espaço no palco da política mundial. O resultado não poderia ser pior.

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E assim, tomado pelo mote “mais vale um asno que me carregue” é que o Brasil deu no que deu ao eleger uma farsa. Plantado no poder pelas forças mais retrógradas da tacanha sociedade brasileira, eis que o demônio Fedegoso, aquele que adora uma boa preguiça, férias, viagens e dinheiro público, se refestela e graceja constantemente da miséria na qual jogaram a nação. Sem seriedade, e mergulhado na podridão da mentira, o fascista (não confundir com farsista) sabe que é uma farsa. Sempre soube. Sempre teve consciência da sua incapacidade de entender o mínimo necessário para se governar um país. O farsante sempre soube ser uma nulidade, um boneco de ventríloquo.

A grande farsa que tomou conta do Brasil não estaria onde está sem o apoio da mídia corporativa, que enriqueceu publicando anúncios de compra e venda de escravizados, apoiou ditaduras e sempre se posicionou contra o próprio povo e suas políticas identitárias, em defesa de uma falsa “pluralidade de ideias”. O farsante que considera a morte de crianças algo insignificante sempre foi, claro, uma farsa. Todos sabiam disso. Agora, no entanto, surgem os “desavisados” e “surpresos”, assim como surgem aqueles que ousam afirmar que as Forças Armadas não têm culpa pelos “erros grosseiros” da atual gestão federal. Ah, tá.  Conte outra!

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Como o marido da Farsa de Inês Pereira, o povo brasileiro caminha com o país nos ombros, levando-o para ser entregue a outro, o capital estrangeiro; enquanto muitos ainda insistem em bradar que “assim são as coisas”.  O sangue da nossa gente, sem trégua, continua a escorrer.  Ao longe, um grito ecoa: “o senhor é uma farsa!”. É sim. Sempre foi. Nada de novo sob o sol.

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