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Roberto Ponciano

Escritor, mestre em Filosofia e Letras, especialista em Economia. Doutorando em Literatura Comparada

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A guerra da Ucrânia, o duguinismo e o atoleiro conceitual

Explosão na ponte da Criméia (Foto: Reprodução/Sputnik)
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Acabei de ler o artigo do Pepe Escobar, justificando o bombardeio de uma área civil em Kiev, pela Rússia, como retaliação à derrubada de uma ponte entre o território russo e o território controlado na Crimeia. É um desenrolar, de fato, de uma contraofensiva depois de a Ucrânia ter retomado várias partes de seu território do pré-guerra, na retomada militar mais bem-sucedida das forças ucranianas desde o começo da guerra. O referido artigo de Escobar serve para referendar a guerra total russa, quando fica claro que a guerra parcial, propagada, não só por Escobar, mas pelos campistas mais enamorados por Putin, da esquerda, se esvaiu como um sonho que nem merecia ser sonhado.

Logo no início da guerra, eu, o idiota da vila, escrevi um artigo sobre as ilusões campistas neste conflito, O futuro de uma ilusão ou como o campismo obliterou o internacionalismo proletário no conflito russo ucraniano, https://www.brasil247.com/blog/o-futuro-de-uma-ilusao-ou-como-o-campismo-obliterou-o-internacionalismo-proletario-no-conflito-russo-ucraniano, no qual o aludido idiota da vila aqui, como Cassandra, falou coisas muito óbvias sobre este conflito, vou relembrá-las:

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1) Nenhuma guerra de ocupação termina sem uma destruição total do país invadido, ou a desistência da nação agressora com relação à guerra (Vietnã, Afeganistão, Iraque). Sim, a guerra da Rússia contra a Ucrânia, sob a ótica do marxismo e do internacionalismo proletário, só pode ser vista como uma guerra de invasão e anexação e que, obviamente, não poderia ser uma guerra limitada.

2) O apoio financeiro e militar da OTAN à Ucrânia prolongaria o conflito indefinidamente, sem que nenhum dos dois lados pudessem ratificar uma vitória definitiva tão facilmente como os açodados neo comunistas-duguinistas (uma mistura muito doida) queriam celebrar. Nenhum deles fará autocrítica agora da propalada “guerra parcial” e da previsão de uma fácil vitória russa.

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3) Estar contra a invasão nunca foi ser a favor da Ucrânia ou da Otan. Este falso maniqueísmo oculta uma deserção do princípio leninista das guerras justas e injustas. Aliás, cabe lembrar, no início da guerra, o “problema ucraniano” foi imputado por Duguin e Putin a Lênin, o defensor da autonomia das nacionalidades e “inventor da Ucrânia”. Contra o princípio leninista da auto-determinação dos povos Duguin utiliza a ideia da grande Rússia imperial.

4) A obliteração de uma análise marxista fez da Rússia duguinista-putinista a linha de frente da “luta anti-imperialista”. Mais do que engano e ilusão, é uma total deserção dos princípios do internacionalismo proletário. Em 90% das análises feitas no Brasil, jamais se procurou usar da dialética para sim, condenar a ofensiva pró Otan da Ucrânia feita por meios militares não convencionais, mas, sim, também, deixar bem claro que toda guerra de anexação é injustificável sob o ponto de vista marxista, socialista e comunista. Num Fla x Flu, completamente desprovido de sentido, ou o analista se colocava a favor de um Zelensky, servil à Otan, ou virava um chauvinista pró guerra imperialista russa. Talvez tenha faltado a estes analistas a leitura dos artigos de Lênin contra a guerra de 1914-1918, chamando Kaustky e seus seguidores de social chauvinistas e condenando os dois bandos de países agressores.

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No dia 24 de novembro agora completar-se-á 9 meses de guerra na Ucrânia, sem nenhum sinal de vitória para nenhum dos lados combatentes. Do lado dos defensores da guerra, alguns pensam que basta falar do batalhão Azov e dos realmente existentes combatentes nazistas ucranianos (sim, a Ucrânia teve um governo pró-nazista durante a segunda guerra mundial, sim, 2 milhões de ucranianos lutaram aos lados dos nazistas, não, não se pode reduzir uma nação de 40 milhões de pessoas a um acampamento de nazistas) para justificar a guerra, sem se utilizar de nenhum dos princípios marxistas de análise de justiça de uma guerra (caráter revolucionário, de libertação e de classe, sob nenhum dos 3 critérios esta guerra é justa).

Os apologistas de uma vitória rápida e fácil e de uma guerra parcial e controlada erraram feio, ainda que se vangloriem de ter mais informantes que a KGB e o Mossad. Qualquer idiota da vila, como eu, olhando de soslaio a história, os lembraria trágica e sombriamente de que eles apenas copiavam um messianismo chauvinista de simpatia por um líder carismático, não era necessário ter mais que 3 neurônios para saber que esta guerra evoluiria para uma guerra total com possibilidade e risco de mais países se envolverem no conflito e retroalimentadora tanto da indústria armamentista, quanto da OTAN.

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Maior que o atoleiro desta guerra, sem fim e sem previsão de vencedores, foi o atoleiro conceitual de quem abriu mão dos princípios marxistas para torcer numa guerra chauvinista.

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