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Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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A maior política do mundo

É meio, fim, método ou essência de toda e qualquer iniciativa pública. Um discurso de unidade, a feitura de uma singela praça na periferia ou a ampliação do contingente de policiais de uma localidade ou região perpassa exata e precisamente por ele: o medo!

É meio, fim, método ou essência de toda e qualquer iniciativa pública. Um discurso de unidade, a feitura de uma singela praça na periferia ou a ampliação do contingente de policiais de uma localidade ou região perpassa exata e precisamente por ele: o medo! (Foto: Ângelo Cavalcante)
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Nada se compara, se iguala ou equivale; é, de longe, a principal política pública do mundo; a mais efetiva e eficaz política de segurança e, em definitivo, todas as outras políticas a tem como elemento axial e mediador subscrito e subentendido para as suas realizações.

É meio, fim, método ou essência de toda e qualquer iniciativa pública. Um discurso de unidade, a feitura de uma singela praça na periferia ou a ampliação do contingente de policiais de uma localidade ou região perpassa exata e precisamente por ele: o medo!

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O medo, mais do que um sentimento ou particularidade humana, é uma política pública. Mais até: é noção de mundo, sensibilidade, relação pública e construção cultural a ser atualizada permanentemente e internalizada nos íntimos mais particulares dos indivíduos ou o Estado, como o conhecemos, desaparece letra por letra, milimetro por milimetro, pedra por pedra.

A própria ideia-força do sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) e que traduz a violência como sendo "monopólio do Estado" traz como pano de fundo, o pressuposto de que toda e qualquer violência estatal precisa comunicar uma ética, valores e uma relação a ser estabelecida com o conjunto da população, ou seja, instituições moldam os indivíduos a partir de uma lógica de premiações ou punições. Desta feita, o Estado pune, enquadra, define ou, concretamente, não há Estado. O medo da punição é valor subjetivo fundamental a gerar, digamos, certa harmonia. Por isso é alimentado, retroalimentado, potencializado, vivido e revivido.

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Desta feita, o medo como consequência, gera sociabilidade, interação humana, docilidade, mansidão e uma passividade abobalhada ante aos abismos do dia-a-dia. Dá forma para arquiteturas, reinventa a cidade, eleva muros, produz economias, recria éticas, estéticas e territórios, militariza a vida. Define e redefine limites e fronteiras, reconstrói prioridades individuais ou coletivas e dá forma para um tipo muito próprio de civilização.

Não é para menos! Esse tipo de sociedade e que chamo de "sociedade do medo" é parte inevitável e indissociável do próprio movimento contemporâneo de reprodução de capital, ou seja, no instante de maior intensificação da concentração de capitais de toda a história da economia moderna, afinal, até os cadáveres sabem que meia dúzia de empresas transnacionais possuem sob seu integral controle mais da metade das rendas mundiais, é preciso de um tipo de estabilidade distinta, eficaz e, igualmente, planetária.

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Para a garantia deste absurdo inominável, desumano e anti-humano só mesmo com uma "humanidade" acoelhada e apequenada por toda sorte de medos, fobias e transtornos, afinal, guerras, pestes, acidentes naturais grandiosos e a desgraça definitiva de estados burgueses e privatizados estão aí, sob nossos sentidos fragmentados e dispersos. O "inocente" jornal das vinte horas... Faz o resto!

De fato, o medo como principal instituto a mediar todas as demais formas sociais hodiernas é a particularidade definitiva do movimento de ampliação de um capitalismo monopolista, manipulador e que conformou povos e nações a partir de mais reprodução de capital.

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