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      Wanderley Guilherme dos Santos

      Cientista político, autor de vários livros na área. Seus artigos são publicados originalmente no blog Segunda Opinião

      46 artigos

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      A mensagem popular é clara: fora com os usurpadores!

      Cabe aos eleitores afanados de seus direitos recusar obediência, interpelar a infalibilidade do Supremo Tribunal Federal por infidelidade constitucional e manter o democrático escracho, forma de coação moral dentro da legalidade, até que os usurpadores renunciem ou saiam eleitoralmente derrotados em 2016 e 2018

      Cabe aos eleitores afanados de seus direitos recusar obediência, interpelar a infalibilidade do Supremo Tribunal Federal por infidelidade constitucional e manter o democrático escracho, forma de coação moral dentro da legalidade, até que os usurpadores renunciem ou saiam eleitoralmente derrotados em 2016 e 2018 (Foto: Wanderley Guilherme dos Santos)

      O governo interino de Michel Temer age com a truculência de força de ocupação em território estrangeiro: desconsidera a história local, subverte os laços de solidariedade e cancela as políticas aprovadas coletivamente. Mesmo um governo de oposição eleito segundo as regras do jogo evita bagunçar a vida da comunidade, e não só porque os padrões de relacionamento entre o poder público e os grupos da sociedade estão incorporados ao cálculo de futuro das pessoas. A prudência recomenda reconhecer que são vocacionadas para o fracasso as tentativas de apagar completamente os vestígios dos antecessores. O custo seria elevadíssimo, a fraude descomunal e o desmascaramento certo. Explicam-se, portanto, as idas e vindas das autoridades interinas, a atabalhoada adoção de políticas antes anunciadas pelo governo destituído e a pirraça de renomear o que já existe. Baratas tontas enfurecidas e míopes. Acresce o comprovado envolvimento em traficâncias da maioria dos mandachuvas interinos, com previsão de que não causará surpresa se o próprio presidente precário vier a ser exposto como estrela da turma. Tudo depende da capacidade dos líderes da Lava-Jato e outros figurões de continuar filtrando o resultado de delações, batidas espetaculares e conduções coercitivas. Até agora os golpistas têm conseguido levar a vida na flauta, sorridentes, deputados, senadores e ministros, embora o júbilo proporcionado pelo sucesso do assalto esteja sendo substituído, em todos, por caras de paisagem.

      O impacto farsesco contamina o Supremo Tribunal Federal, obrigado a empenhar monumental esforço para emprestar ração modestíssima de autenticidade a deliberações de teor antecipado em editoriais intimidantes. Não há como disfarçar a repetida coincidência entre o desempenho do judiciário e o interesse de apressados golpistas. Nem escapa ao conhecimento da opinião pública a voracidade rentista da corporação, embaralhando tratativas constitucionais com irrefreável apetite salarial e por benesses colaterais. Destituído de solenidade crível, a teatralidade das sessões e a linguagem pedantemente rococó, quando não francamente charlatanesca (em despacho, o juiz Sergio Moro registra sua “cognição sumária”, pois aos iniciados não sucedem pedestres “primeiras impressões”), são como cartas de amor, embaraçosamente ridículas. Sem a inocência do lirismo de Fernando Pessoa, contudo.

      Nada se sustenta. Podem os interinos tentar seduzir a audiência com promessas de executar um salto mortal triplo, sem rede, mastigar sem hesitação lápides fúnebres e beber seis taças de mercúrio cromo. Tirante a irrelevância das fanfarronadas, nem essas são honradas por usurpadores. Cabe aos eleitores afanados de seus direitos recusar-lhes obediência, interpelar a infalibilidade do Supremo Tribunal Federal por infidelidade constitucional e manter o democrático escracho, forma de coação moral dentro da legalidade, até que os usurpadores renunciem ou saiam eleitoralmente derrotados em 2016 e 2018. Pactos laterais constituiriam assassinato pelas costas ao enorme contingente de brasileiros que, desde logo, sublevou-se contra o golpe parlamentar.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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