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Marconi Moura de Lima Burum

Mestrando em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB, pós-graduado em Direito Público e graduado em Letras. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Trabalha na UEG. No Brasil 247, imprime questões para o debate de uma nova estética civilizatória

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A mulher do Direito Achado na Rua

Gostaria que os versos abaixo também representassem uma moção de desagravo ao novo atentado sofrido por Marielle Franco

(Foto: Divulgação)
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Eu fiquei pensando sobre o que falar para um dia tão importante: o dia internacional das mulheres. Afinal, tantos já fizeram seus cartões virtuais enaltecendo as virtudes das mulheres. E tantos, escondidos atrás das violências (de todos os tipos) por que passam as mulheres, também fizeram suas frases retóricas a postarem em alguma rede social, ou a dizer a suas companheiras na manhã deste dia. Não queria escolher, nem o lado clichê, tampouco, o lado da hipocrisia. Gostaria de sair da residência do óbvio e trazer um tema novo, todavia, que lembre a potência da luta das mulheres. Daí fiz esse poema que tenta buscar no construto do Direito Achado na Rua, uma corrente epistemológica para a ciência do Direito que encontrou na Universidade de Brasília (UnB) um espaço de produção diatética (e institucionalizada no formato acadêmico, embora também político e social).

Para o Direito Achado na Rua, o epicentro da existência humana é sua dimensão da liberdade, isto é, todos os sujeitos devem conquistar sua emancipação e todos os emancipados precisam, juntos e juntas, promover o caminhar para que as pessoas vulnerabilizadas (mais pobres, espoliadas e excluídas das estruturas sociais e econômicas) e minorizadas (segmentos discriminados e relegados à cognição colonial, portanto, presas a uma estética civilizatória de atraso), possam também alcançar a efetividade da vida e tudo que se pode dela desfrutar.
Assim, nos ensina José Geraldo de Sousa Junior, a maior referência no mundo do Direito Achado na Rua, que é fundamental buscarmos um novo paradigma humanista: o humanismo emancipatório, não-excludente, não-patriarcal, não-racista, enfim, uma dialética social capaz de nos empoderar para, juntas e juntos, fraternalmente, desfrutarmos da real condição de liberdade. 

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Antes de ir ao ponto central desta publicação, gostaria que os versos abaixo também representassem uma moção de desagravo ao (sei lá qual número) novo atentado sofrido por Marielle Franco, sua memória, e tudo que representa sua luta pela vida das pessoas, por justiça social, pela paz. O que o meliante de tornozeleira eletrônica (lembremos que o STF concedeu-lhe o “saidão” da cadeia), parcialmente livre (mas preso em sua ignorância), deputado Daniel Silveira e seu comparsa fascista, o também deputado Rodrigo Amorim, fizeram ao posar com a metade da placa[1] que leva o nome da vereadora assassinada e que eles, há exatos 4 anos atrás quebraram, é de um requinte de crueldade que não tem precedentes. Aliás, isso bem na véspera do dia das mulheres, o que amplia o efeito simbólico do gesto. Ou seja: essa gente quer a mulher assujeitada à submissão patriarcal. Será que os eleitores darão uma nova cadeira de deputado para estes fascistas?

Sem mais delongas, segue a poesia, uma Homenagem ao #Dia8deMarço e tudo o que ele significa!

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A mulher do Direito Achado na Rua

A rosa em riste,
    [ viste?
Muito além da poesia da flor;
A potência da resiliência
    [ e enfrentamento do espinho.

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No caminho,
A luta!
Escuta:
Não se trata de um caule
     [ delicado,
Todavia, de resistência pendular:
Enverga ao mais forte vento…
E sem quebrar,
Retorna ao centro do jardim
     [ tão mais formidável.

Se tem sensibilidade
     [ é na alma
Não no discurso banal,
No trivial deste neopatriarcal
Ao fingimento da parceria macha,
Digo: macho.

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Marcha pela vida
     [ para que a justiça,
Uma utopia do horizonte,
Atiça,
Seja um dia,
Bem ali,
No dobrar a esquina
     [ do devir social,
A sobriedade do real
Sem tratamento desigual
     [ para baixo…

Mulher não pode ser confundida
     [ apenas com mãe.
Ela o é,
Mas é além,
A amazona que atravessa
     [ as crueldades da História
Para gestar as liberdades
     [ essenciais.
O esperançar na dialética
À produção das novas verdades
     [ existenciais.

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A mulher de toda classe;
A mulher de toda crença;
A mulher de toda etnia;
A mulher de toda orientação;
Nasce imensa harmonia desta pretensão.

Ou simbolicamente
A mulher da favela
A aquarela da negritude
Africana na gincana que alude
A sinonímia da perfeição
Onde a virtude
É romper com o dogma:
Bela,
Recatada
E do lar
Para,
Tão bela (de tantas belezas)
Revoltada (com a realeza)
E de todo lugar (é certeza)
Ir buscar,
Na rua
     [ metáfora meta-ambiental,
Na essência nua do Direito,
Uma nova sociedade
De estética
     [ sensacional.

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Por falar em sensações
     [ concretas
E abstrações
     [ visíveis
Pensemos um
     [ Direito Achado no Jardim.

Assim,
Para encerrar esse tributo
À mulher,
Se quer...
Referiste:
Respeitemos o lugar
     [ de fala
     [ e de livre existência
De uma flor sempre em riste…

………………………..

[1] Por falar em Direito, creio que as entidades de defesa dos Direitos Humanos precisam impetrar uma ação na Justiça urgentemente exigindo a reintegração de posse da Placa de Marielle Franco. 

Esta Placa é símbolo, ao mesmo tempo, de luta e também de um tempo cuja resistência ao fascismo faz descer sangue e suor daqueles que buscam justiça. Portanto, a Placa veste toda a semiologia e seu lugar, ou é a Rua – Marielle Franco, ou é ao menos um museu, para que a memória se faça latente em nossa mente a nunca esquecer as dores e conquistas de um tempo.

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