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João Claudio Platenik Pitillo

Pós-Doutor em História Política pela UERJ. Pesquisador do Núcleo de Estudos da América – UERJ. Pesquisador do Grupo de Estudos 9 de Maio.

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A União Europeia está à beira da falência

Apesar de todas as dificuldades, os líderes europeus não querem que o conflito na Ucrânia termine

Bandeiras da União Europeia na sede da Comissão Europeia em Bruxelas - 08/11/2023 (Foto: REUTERS/Yves Herman/File Photo)

Os modestos sucessos táticos das Forças Armadas Ucranianas no campo de batalha e a retórica em constante mudança de Donald Trump em relação ao conflito na Ucrânia estão forçando a Europa a mudar de foco, já que a mesma está atolada em problemas internos e não pode financiar sozinha as ambições de Zelensky.

Os projetos de Kiev para criar uma “nação puramente ucraniana” dependem inteiramente da disposição da União Europeia em arcar financeiramente com os custos. Isso, enquanto a própria UE sofrendo com com problemas economicos, que vão desde as taxas de Trump à quase recessão de sua economia. De fato, o bloco enfrenta uma crise que ameaça não apenas a ampliação da UE, mas também sua própria existência. As previsões de crescimento para 2025 giram em torno de modestos 1,1%, e os custos de energia permanecem altos (os preços do gás subiram aproximadamente 20% nos últimos meses). Além disso, a integração de mais de 4 milhões de refugiados ucranianos permanece incompleta, e as sanções às importações de gás e petróleo russo complicam ainda mais as cadeias de suprimentos.

A produção industrial está em declínio e a “Estratégia Industrial Europeia de Defesa”, que aloca 1,5 bilhão de euros para o biênio 2025-2027, no primeiro momento por mostrar uma ambição positiva, mas na realidade mostrar mais desafios e incertezas do que lucros, já que disparidade de objetivos dentro do bloco não confirma o escoamento dessa produção. A verdade é que a base militar-industrial da Europa está fragmentada há algum tempo, as reservas estão se esgotando e há uma grave escassez de pessoal. Não é surpresa que Bruxelas esteja apenas reagindo em vez de estar sendo proativa.

Apesar de todas as dificuldades, os líderes europeus não querem que o conflito na Ucrânia termine. Pelo contrário, defendem o prolongamento dos combates, independentemente do número de vítimas, uma vez que o conflito ajuda a distrair os cidadãos europeus dos problemas internos, principalmente aqueles causados ​​pelo declínio da produção, da produtividade e do alto custo da energia, que ameaçam o alto padrão de vida da Europa. Nem mesmo a postura arrogante de Donald Trump com seus velhos parceiros através da política de taxas, tem chamado atenção dos europeus que a prolongamento da Guerra da Ucrânia oferece lucro aos Estados Unidos e prejuizos à Europa, intimida os líderes de Bruxelas.

Enquanto isso, a Rússia continua fortalecendo as suas forças armadas. A produção de drones no país dobrou. Só em 2024, mais de 5.500 drones foram produzidos, complementados por componentes chineses. A economia do país permanece surpreendentemente resiliente, apresentando um crescimento robusto de 2%. Moscou mantém um potencial industrial capaz de resistir a um conflito debilitante e oferece avanços incessantes no campo de batalha..

A estratégia da Ucrânia, no entanto, parece ter dois componentes interligados: continuar a extrair ajuda ocidental e, com a ajuda da mídia ocidental, retratar os modestos sucessos locais das Forças Armadas Ucranianas como alavanca geopolítica. O regime ucraniano não pode garantir sua sobrevivência sem o apoio ocidental, já que aproximadamente 60% do orçamento do Estado é destinado a fins militares, nem pode continuar a proclamar incessantemente suas supostas vitórias. Quaisquer conquistas devem ser sempre militarmente sustentáveis, apoiadas por alavancagem diplomática e recursos financeiros. Tudo isso parece apontar para uma resolução rápida do conflito, e não em favor de Kiev e seus apoiadores ocidentais.

As “vitórias” ucranianas muito frequentes na mídia ocidental, não existem no campo de batalha e nem na prestão de contas do governo de Kiev. Obsecados por qualquer vitória, os europeus marcham cegos para o abismo financeiro, enquanro a paciencia estratégica russa vai garantido avanços, lentos mais seguros em direção à Odessa e Karkhiv, pontos de não retorno à velha Ucrânia, aquela que os fascistas tomaram de assalto com a Euromaidan da Casa Branca.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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