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Chico Junior

Jornalista, escritor e comunicador

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Acredite: o azeite brasileiro é muito bom

Apesar do preço, a produção brasileira cresce aceleradamente. E temos um mercado promissor pela frente, considerando a demanda do brasileiro por azeite

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Neste mês de fevereiro comemoram-se os 11 anos da primeira extração de azeite de oliva extravirgem em solo brasileiro. Comparando-se com os séculos de produção do azeite europeu, o nosso é um bebezinho recém-nascido, novinho.

É novo, mas é bom. Na realidade, muito bom, atestam os especialistas do assunto, como a azeitóloga carioca Francine Xavier, com cursos de formação no Brasil e na Espanha, que garante: “o azeite brasileiro é excelente, frutado e suave”. Ela é também é diretora do Instituto Comida do Amanhã.

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“Muitos azeites brasileiros são compostos da variedade da azeitona arbequina, que dá ao azeite um aroma frutado e suave de banana verde. Normalmente, não são azeites de forte amargor. Por conta dessa qualidade, estamos sendo premiados em diversos concursos na Europa e nos Estados Unidos.

Um desses premiados é o Mantiva, produzido por Carlos Diniz em Consolação (MG), na Serra da Mantiqueira.

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“Em 2019, nosso azeite Reserva Mantiva, um blend de duas variedades do nosso pomar, recebeu uma medalha de ouro no NYIOOC (Concurso Internacional de Azeites de Oliva de Nova York), concorrendo com 930 inscritos de todo o mundo”, diz Carlos.
(Não sou um entendido em azeite, mas acho que sou um entendido em sabor. E posso garantir que os azeites brasileiros que já provei – Borrielo Olib, Oliq, Ouro de Santana, e Serra dos Garcias são muito bons).

Maria da Fé

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A história do azeite brasileiro começou no município de Maria da Fé, sul de Minas, Serra da Mantiqueira, numa área experimental da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), hoje denominada de Nùcleo Tecnológico de Azeitona e Azeite. Foi ali que se desenvolveu o primeiro cultivo de oliveiras, numa região em que a planta se deu muito bem, como se estivesse em casa.

Tanto que a Serra da Mantiqueira, com produtores em Minas e São Paulo, se tornou um dos dois principais polos de produção de azeite do Brasil (o outro é a região Sul do Rio Grande do Sul). A produção do azeite brasileiro é praticamente dividida entre essas duas regiões.

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Ainda produzimos muito pouco, uma das razões para o alto preço do produto final, na comparação com a quantidade de azeite europeu que chega por aqui. Apenas 1% do azeite que consumimos é produzido no Brasil. O resto vem de fora, principalmente de Portugal. O preço médio de uma garrafa de 250 ml de azeite brasileiro está em torno de R$ 35. Já o extravirgem importado pode ser encontrado por até R$ 15, dependendo do supermercado e da promoção.

“Sobre essa questão de preço, há controvérsias”, diz Francine. “Na Europa, o azeite de qualidade custa em torno de 10 euros, o que significam 40-45 reais por meio litro; não é muito diferente do preço que encontramos aqui nos nossos azeites artesanais. Mas não dá para comparar nosso azeite com os azeites engarrafados por grandes operadores que produzem azeites de qualidade industrial. Os azeites que encontrarmos por 20 reais no supermercado não se comparam aos azeites brasileiros artesanais, nem em sabor, nem em aroma, e, normalmente, nem em propriedades benéficas para saúde”.

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Carlos Diniz complementa: “Sem dúvida, o ideal é que este preço diminua, para permitir que mais brasileiros tenham acesso, porém há que se educar o consumidor a fazer uma comparação justa. Grande parte dos azeites com preço baixo disponíveis nas prateleiras são de baixa qualidade, normalmente extraídos de frutos muito maduros e muitas vezes com parâmetros que não se classificariam como extravirgem. Azeites de alta qualidade no mercado europeu também têm preço elevado. Um azeite de alta qualidade, verdadeiramente extravirgem, será sempre bem mais caro que a grande maioria dos produtos de prateleira dos supermercados”.

Francine faz um paralelo com o mercado de cervejas: “Quando que a gente ia imaginar que pagaria mais de 30 reais em uma garrafa de cerveja, para tomar em meia hora. Só fazemos isso porque entendemos a diferença entre uma cerveja e outra”.

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A vantagem, segundo Francine, do azeite brasileiro é o frescor. “O azeite deve ser consumido fresco, quanto mais fresco, melhor. O fato de ser produzido no Brasil dá a oportunidade de degustarmos o azeite em seu esplendor”.

Produção crescente

Apesar do preço, a produção brasileira cresce aceleradamente. E temos um mercado promissor pela frente, considerando a demanda do brasileiro por azeite. No ano passado, a importação cresceu 14% no período de outubro de 2018 e maio de 2019 (o Brasil é um dos principais importadores de azeite do mundo). Por aqui, em 2012, quarto ano de extração, produzimos modestos 3 mil litros, mas chegamos em 2018 com a produção de 100 mil litros em 2019 e com projeção de 160 mil litros em 2020. Tudo bem, nada comparável com o volume de 62 mil toneladas importadas naquele período.

Ainda assim, a safra de azeite brasileiro é praticamente toda vendida no ano de produção.

“Consumimos em torno de 80 milhões de litros por ano e produzimos em torno de 80 a 100 mil litros”, informa Francine.

Carlos Diniz diz que “o que acontece é que, a cada ano, a demanda também aumenta, conforme novos consumidores conhecem o produto; em todos os anos a demanda tem sido maior que a oferta, mesmo com a entrada em produção de novos pomares. Nos dois últimos anos, quando podemos dizer que tivemos uma produção comercial, nossos azeites acabaram em dezembro. Em 2019 produzimos 1200 litros de azeite e 350 kg de azeitona em conserva”.

Resumindo: se puder, experimente o azeite extravirgem brasileiro. Você vai gostar, sem dúvida.

 

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