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João Gomes

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Adeus a Dona Marisa

Não há morte oportuna. Oportuno é lembrar que, enquanto Dona Marisa lutava por sua vida, a disputa política alimentada pelo ódio levou algumas senhoras (sabe-se lá se por vontade própria ou orientadas pela covardia dos que alimentam o ódio) a protestar às portas do hospital. Vá em paz, Dona Marisa

Marisa Letícia, primeira-dama da República do Brasil. (Foto: João Gomes)
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Faleceu Dona Marisa.

Há muito dela e de sua militância política (ao lado do marido) para se falar – mas, quem disso deve se ocupar, são os mais próximos do casal Lula da Silva, seus amigos e os que com ela conviveram...

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De minha parte deixo um afetuoso abraço à família enlutada e uma indagação àquelas senhoras que protestaram na porta do hospital enquanto Dona Marisa lutava pela vida: Valeu a falta de caráter ou, quiçá, foi legítimo o protesto?

Não conheço aquelas senhoras, mas venho lutando a minha vida toda contra o ódio enraizado naquele tipo de manifestação estúpida, que contrapôs a luta de uma nossa semelhante para sobreviver a um gravíssimo acidente vascular cerebral, à disputa política pontual desafiada neste instante particularmente insensível da vida brasileira.

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Então, em certa medida, posso dizer que conheço, e bem, o viés prostituto que orientou aquela odiosa manifestação – afinal, ele é histórico e, sempre que convocado por parcela de nossa sociedade que detém o monopólio de algum setor (político ou informativo), a sua resposta é trágica.

O ódio vem se construindo em uma exegese própria e a sua matrícula está (historicamente) ligada ao conceito (político e preconceituoso) que nos diferencia enquanto subespécie de um gênero impuro: Foi assim na Alemanha dos nazistas, na Espanha franquista, na América dos generais, no Chile de pinochet...

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É assim, aqui e agora!

Não encontramos qualquer justificação histórica e sociológica que dê sustento mínimo para eleger o caminho que estamos trilhando e que, não sejamos hipócritas, vem sendo alimentado cada vez que falamos em dividir o país do norte/nordeste para baixo, ou cada vez que disputamos ideias conflitantes com argumentos de ódio – como, por exemplo, aquela camiseta deplorável, usada por um sujeito abjeto que jurou Hipócrates, e que retratava uma mão com quatro dedos...

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Estamos odiando mais do que deveríamos. Mais do que seria aceitável e, principalmente, mais do que a história mostrou ser o limite para o exercício de odiar...

Sim, a história nos mostra o ponto sem retorno e este se reflete, por exemplo, na atuação do partido nacional socialista (nazista), logo após vencer o Partido Comunista, por apertada margem de votos, nas eleições que conduziram o Chanceler adolf hitler ao poder. A resposta odiosa foi perseguir as minorias, pelos mais variados (falsos) argumentos...

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Estes argumentos que, então, autorizavam a perseguição política estabelecida eram falsos por traduzirem, conceitualmente, ideias de ódio – Os judeus nos roubam cotidianamente (então vamos mata-los para roubar de volta o que seria nosso) e assim por diante...

Este ódio que já se reergueu e, por hora, promete reerguer os muros separatistas que o desenvolvimento humano, aliado aos ideais iluministas, pensava derrubados, está, ainda e também, contrapondo cidadãos (todos aparentando serem bons cristãos) pela origem, diversidade das próprias aspirações e visões políticas distintas...

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Este ódio que cria mitos e heróis de papel, na mesma velocidade com que sataniza e crucifica cidadãos só por suas diferenças, vem sendo alimentando e fomentado por um  nanquim neoliberal, que costuma se manifestar através de editorias de cunho patronal e enquanto agente catalisador dos interesses políticos das elites de nossa época, se não revisto e freado, nos levará ao abismo criado por suas irmãs gêmeas, intolerância e ignorância...

Dona Marisa, assim e para além de seu legado concreto de militante feminina, mãe, avó, estilista de bandeira e (principalmente) companheira de (uma) vida de Lula, deixa outro legado; O de arauto (pela própria morte) deste neofascismo que nos busca separar por nossas diferenças (que deveriam ser, em última análise, o que mais nos aproxima) e que devemos rever, com a urgência das tempestades, sob pena de sermos todos (afinal a política é cíclica, isto também é lição histórica) tragados pelas gêmeas do mal (intolerância e ignorância).

Não há morte oportuna. Oportuno é lembrar que, enquanto Dona Marisa lutava por sua vida, a disputa política alimentada pelo ódio levou algumas senhoras (sabe-se lá se por vontade própria ou orientadas pela covardia dos que alimentam o ódio) a protestar às portas do hospital.

Vá em paz Dona Marisa. Fiquem em paz aquelas Senhoras e, principalmente, desapeguemo-nos do ódio. Ele não constrói nunca – só cria cenários pavorosos como o de um protesto, de natureza política, que permite contrapor quem luta pela própria vida à disputa de ocasião!

Dir-se-ia: Há formas mais inteligentes de ser covarde e canalha, infelizmente atingimos o ápice quanto ao modelo de ódio.

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