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Luiza Coppieters

Formada em Filosofia pela USP, comunista, é trabalhadora

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Angélica Lovatto e a originalidade do pensamento marxista

Oriunda de Diadema, no ABCD paulista, a intelectual orgânica Angélica Lovatto vem há três décadas desenvolvendo um pensamento radical sobre o momento em que vivemos a partir da tradição marxista

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Por Luiza Coppieters

Em meu artigo anterior, eu procurei demonstrar como o pensamento pós-moderno é contrarrevolucionário. Os fundamentos para tal exposição vêm de dois autores que venho estudando. O livro de Carlos Nelson Coutinho, O Estruturalismo e A Miséria da Razão, e exposições da professora e militante Angélica Lovatto.

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Oriunda de Diadema, no ABCD paulista, a intelectual orgânica Angélica Lovatto vem há três décadas desenvolvendo um pensamento radical sobre o momento em que vivemos a partir da tradição marxista. De Marx a Lúkacs, passando por pensadores brasileiros como Vânia Bambirra e Carlos Nelson Coutinho, Lovatto está elaborando uma interpretação sobre o que chama de “as quatro contrarrevoluções” e “o pensamento pós-moderno e transgressão resignada”.

De acordo com ela, o pensamento burguês teria elaborado quatro ideologias, em momentos distintos, ao pensamento marxiano para barrar a luta da classe trabalhadora. São ideologias que se colocam como de esquerda mas que serviriam aos interesses da burguesia. Como ela costuma dizer, “a ideologia mais difícil de se combater, é a ideologia que se apresenta como de esquerda”.

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Em um primeiro momento, o positivismo nas ciências sociais, em especial Max Weber e Émile Durkheim, se apresentariam como ideologias que visariam o estudo da sociedade fora da compreensão da luta de classes, fariam análises de fatos sociais independentes de processos históricos e que tomariam o real como não contraditório em si.

O existencialismo seria a segunda onda contrarrevolucionária na medida em que negaria o humanismo, negando o sujeito histórico – a classe trabalhadora - para centrar em um indivíduo lançado num mundo cruel e, portanto, sem história também.

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O terceiro momento é o do estruturalismo, como o de Lévi-Strauss, em que a linguagem anterior a toda historicidade e, ao mesmo tempo, estruturante de uma realidade incapaz de ser perscrutável nas suas contradições levaria ao agnosticismo, isto é, a um pseudo-conhecimento do real, já que nega as contradições do real.

O quarto momento, este em que vivemos, é o da pós-modernidade. Como expliquei em artigo anterior, como tudo é fragmentário e não há centralidade da classe trabalhadora, mas subjetividades e atores, cabe elaborar epistemes para traçar narrativas. Não há espaço para o pensamento totalizante e tampouco espaço para a ação transformadora do real e, assim, saída do capitalismo.

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Lovatto irá chamar o discurso pós-moderno de “transgressão resignada”, na medida em que esses indivíduos, esses atores de si mesmos, por meio de suas narrativas, sempre fragmentárias, irão transgredir as normas estabelecidas mas que nada produzirão de transformação concreta. Narram suas dores e vivências para se resignarem em suas condições ou, no máximo, ocuparem um espaço dentro da lógica capitalista e usufruir de benesses em posição de destaque.

Trata-se, pois, de uma elaboração original do pensamento marxista e aponta para a superação desses discursos que engessam e colocam a classe trabalhadora em conflito entre si.

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Estudiosa do ISEB, Instituto Superior de Estudos Brasileiros, e de grandes pensadores que foram apagados pela geração pós 68, Angélica Lovatto vem elaborando uma crítica ao pensamento uspiano, especialmente no que tange às ideias de populismo, autoritarismo e democracia como valor universal.

Para além de resgatar um passado, Lovatto enfrenta um presente que nega a possibilidade da Revolução Brasileira e a centralidade do trabalho e tenta a todo custo colocar o debate político nos marcos liberais.

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Vale a pena acompanhar esta intelectual orgânica, seja nas redes sociais, seja em sua trincheira de luta na Unesp de Marília.

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