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Fernando Lionel Quiroga

É professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), na área de Fundamentos da Educação. Doutor em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

29 artigos

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As manifestações golpistas e a escalada do nazismo no Brasil: o que deve ser feito para evitar o pior?

Bolsonaristas em protesto no Rio de Janeiro contra a eleição presidencial pedem "intervenção federal" 02/11/2022 (Foto: REUTERS/Pilar Olivares)
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Não se engane aquele para quem a mobilização bolsonarista após as eleições são reivindicações sobre os resultados. Nada disso! O resultado já foi assimilado pela base governista e a transição entre os governos já ocorre normalmente. Há, obviamente, o sentimento de indignação por parte do governo atual e de seus seguidores. Afinal, depois da utilização da máquina pública para a obtenção de votos, e dos bloqueios provocados pela PRF no nordeste, inibindo que a votação seguisse normalmente, a vitória era dada como certa. Graças à liderança de Lula e o reconhecimento de sua ilibada trajetória após a anulação dos processos da lava-jato, a democracia voltou a triunfar. A maioria da população brasileira votou pelo seu reestabelecimento. Com mais de dois milhões de votos a mais do que Bolsonaro (PL), a vitória de Lula (PT) representa a esperança por uma vida mais digna e com mais direitos para boa parte da população. O reconhecimento internacional veio imediatamente; quase um alívio para o mundo que assistia a destruição da Amazônia e o risco da condição climática de todo o planeta. A vitória, repito, incontestável sob todos os ângulos, não explica a essência da mobilização bolsonarista nas portas dos quartéis e no bloqueio das estradas.

Mas, então, o que tais mobilizações nos dizem?

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Após a vitória da democracia e, consequentemente, do desgaste da figura de Jair Bolsonaro, a seguinte mensagem passou a orientar a base de manifestantes bolsonaristas nos grupos de Whatsapp. A mensagem dizia:

NOVAS REGRAS* É proibido amanhã nas manifestações e redes sociais a partir de agora.

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Uso de bebida alcoólica

Blusas de Bolsonaro

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Nossa bandeira jamais será vermelha

Dizer Deus acima de tudo, Brasil acima de todos.

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Dizer Mito

Intervenção militar

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Intervenção federal

Capitão

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Jair Bolsonaro.

Art 142

 Dizer 22

Jair

*Nada que vincule o Bolsonaro.

O que pode

 SOS Forças Armadas

 Salvem o Brasil FFAA

 Cantar o Hino nacional.

 Bandeira do Brasil.

 Camisa do Brasil

 Ordem e Progresso

 Lei e ordem!

Destas orientações, depreende-se o seguinte: o que está em questão não é contestar o resultado das urnas ou sair em defesa do presidente derrotado. Há um outro propósito, pedagógico e impessoal, que parece aproveitar o uso do espaço público e da consequente aglomeração dos insatisfeitos para promover um sistema formativo, um programa sistemático de disseminação do nazismo, agora sim, em sua essência pura e simples, sem as vestes da institucionalidade democrática.

Segue-se a esse programa pedagógico nazista a enxurrada de notícias sobre episódios desta natureza espalhados por todo o Brasil:

https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2022/11/04/escola-de-valinhos-desliga-8-alunos-apos-estudante-denunciar-ataques-racistas-com-referencias-a-hitler.ghtml, de 04/11/2022

https://revistaforum.com.br/brasil/sul/2022/11/6/professor-de-historia-de-sc-diz-que-hitler-foi-melhor-que-jesus-que-ligaria-cmara-de-gas-para-petistas-126051.html, de 06/11/2022

https://www.cartacapital.com.br/politica/no-rs-bolsonaristas-sugerem-distinguir-as-casas-de-quem-votou-em-lula-mostra-site/ de 07/11/2022.

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2022/11/07/tecnica-de-enfermagem-denuncia-colega-de-trabalho-por-usar-caneca-em-referencia-a-ku-klux-klan-me-sinto-ferida-na-minha-existencia.ghtml 07/11/2022.

Estes são os resultados concretos do processo de nazificação em curso no Brasil. Os desafios educacionais do próximo governo não poderão, simplesmente, se restringir à expansão do acesso à educação em todas as esferas, às cotas e ao aumento de políticas de inclusão. Estas são, sem dúvidas, preocupações de que não se pode abrir mão. Todavia, o trabalho mais difícil e profundo a ser feito é lançar uma campanha de contrafogo sobre o projeto de nazificação do país que, como se pode observar, segue a todo vapor.

A célebre frase de Adorno em Educação após Auschwitz: “A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação”, deve permear o novo governo. Toda a energia progressista deve enveredar esforços no sentido de conter o nazismo que se expande por todo o território brasileiro. O trabalho será árduo, permanente, difícil.

Contra a falácia da liberdade de expressão todo cuidado será pouco antes que despertemos aterrorizados em meio a uma “noite dos cristais” à brasileira. 

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