Avanço da extrema direita no mundo e seus reflexos no Brasil
Não se pode perder de vista os objetivos sociais e econômicos em favor de uma retórica de direita e fascistizante, como já aconteceu uma vez
Penso que a extrema polarização que vemos aqui não é um fato isolado. O mundo parece assistir ao revigoramento do campo da direita na Europa e nos EUA. A própria América Latina vem sofrendo as consequências dessa nefasta influência. A Argentina e o Brasil vêm sofrendo essa influência impulsionada pelos acontecimentos no mundo. As guerras da Ucrânia e o genocídio do povo palestino provocado pelo sionismo de Israel, a eleição de Trump e a crise política na Europa são elementos que pesam no tabuleiro político do Brasil.
O dilema de ter um presidente petista e um Congresso majoritariamente de direita, que chantageia o presidente sob os auspícios do governo americano, cria um impasse para a governabilidade de Lula, premido por uma meta fiscal irrealista que força o governo a cortar gastos e contrariar seus eleitores, enquanto o Congresso pratica uma espécie de parlamentarismo sem consequências. O protagonismo do Judiciário é outro ponto de fricção política numa conjuntura por si já muito difícil.
Enquanto melhoram os indicadores econômicos e sociais do país, as atenções se voltam para o embate entre o STF e a grande parte bolsonarista do Congresso, prejudicando a votação de pautas da maior importância social. A antecipação da eleição é outro complicador, porque desvia o foco da sociedade e dos políticos para as tratativas e acordos de quem será o sucessor de Bolsonaro, levando a uma disputa do rebanho bolsonarista e à benção do chefe.
O discurso que tem apaziguado os ânimos é o do nacionalismo. Defender a soberania do país a qualquer custo. Essa bandeira tem dado fôlego ao governo, que tem buscado o multilateralismo como saída para o impasse tarifário americano, junto aos aliados dos BRICS. Mas é preciso lembrar que o nacionalismo é uma palavra facilmente capturada por vários grupos políticos. Há vários nacionalismos.
Não se pode perder de vista os objetivos sociais e econômicos em favor de uma retórica de direita e fascistizante, como já aconteceu uma vez.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




