Confira como a população brasileira se divide na política
Os dois segmentos mais numerosos, chamados de “desengajados” e “cautelosos”, representariam mais de 50% do povo
247 - O estudo “Populismo e progressismo no Brasil polarizado”, produzido pelo think tank More in Common em parceria com a Quaest, identificou seis grupos que estão fora da chamada polarização política. As estatísticas foram publicadas nesta terça-feira (14) no jornal O Estado de S.Paulo.
Os dois principais segmentos, chamados de “desengajados” e “cautelosos”, representariam 54% da população brasileira e não têm muito costume de se engajar em questões políticas.
A divisão dos grupos ficou assim:
- Progressistas Militantes: 5%
- Esquerda Tradicional: 14%
- Desengajados: 27%
- Cautelosos: 27%
- Conservadores Tradicionais: 21%
- Patriotas Indignados: 6%
Os pesquisadores fizeram, entre 22 de janeiro e 12 de fevereiro deste ano, mais de 150 perguntas a dez mil brasileiros de todas as regiões do País para esmiuçar a opinião pública sobre temas políticos.
Progressistas Militantes isolados
Os Progressistas Militantes são definidos por serem mais escolarizados (53% com ensino superior), mais ricos (37% com renda maior que 10 mil reais), menos religiosos (41%) e mais brancos (57%).
Pesquisadores colocaram Progressistas Militantes e Esquerda Tradicional dentro de um espectro progressista. Conservadores Tradicionais e os Patriotas Indignados no guarda-chuva do conservadorismo. Mas há particularidades nos sub-grupos.
Segundo Pablo Ortellado, diretor da More in Common, a diferença entre os Conservadores Tradicionais e os Patriotas Indignados é de intensidade. No progressismo a pauta dita a personalidade de cada um.
“Conservadores e Patriotas são bem parecidos nas opiniões. Nos grupos focais que fizemos, eles têm discursos muito semelhantes. A diferença é que os Patriotas Indignados têm identidade mais forte, participam mais da política e se definem mais como bolsonaristas. Na esquerda tem uma diferença principal: os Progressistas Militantes são mais preocupados com questões de opressão de gênero e de raça do que a Esquerda Tradicional, que é mais preocupada com desigualdade social”.
Para os pesquisadores, a combinação de uma disposição populista da sociedade brasileira com um progressismo que é mais elitista (mais rico e mais escolarizado) fornece base social ao populismo cultural dos segmentos conservadores.
“Esse discurso argumenta que as elites intelectuais nas universidades, nas escolas e na cultura estão tentando impor valores progressistas a um povo que é essencialmente conservador”, afirmou o relatório.
O estudo define três tipos de populismo — termo que, segundo uma linha da ciência política, descreve o movimento ou a ideologia que emprega o antagonismo entre o povo puro e uma elite corrupta, de maneira geral:
- Populismo político: antagonismo do povo com as elites políticas; aparece de maneira transversal em toda a sociedade brasileira;
- Populismo econômico: antagonismo do povo com as elites econômicas; é mais presente nos setores de esquerda;
- Populismo cultural: antagonismo do povo com as elites culturais e intelectuais; muito forte nos grupos de direita.



