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Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

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Bolsonarismo-raiz é apenas 6% do Brasil

Na mais recente pesquisa Vox Populi, "o tamanho do bolsonarismo foi objeto de uma pergunta direta", destaca Marcos Coimbra, presidente do Vox Populi. "No total da amostra, 6% dos entrevistados escolheram a primeira resposta e se auto-classificaram como 'bolsonaristas'", diz. Bolsonaro quer uma tropa "raivosa e beligerante" para amedrontar quem discorda dele, avalia

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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O bolsonarismo já teve dias melhores. Não faz muito tempo, ainda se pensava que fosse algo “grande”, que mobilizava grandes massas. Alguns ficavam alegres, outros tristes, mas o bolsonarismo impressionava. 

Hoje, passados apenas oito meses desde que Bolsonaro assumiu o poder, vemos  que as coisas não são assim. As estimativas a respeito do tamanho do bolsonarismo convergem para números modestos. As pesquisas de opinião sugerem que, ao contrário de se consolidar, mingua.  

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Calcular quantos são os bolsonaristas é mais que um exercício acadêmico. Estarmos perante uma corrente de opinião que atrai a maioria da opinião pública (ou uma parcela ampla) é diferente de lidarmos com uma facção claramente minoritária. Daí não decorre que seus pontos de vista devam ser desprezados ou seus chefes ignorados. Mas quer dizer que a maioria tem o direito de tratá-la como a minoria que é.  

Na mais recente pesquisa Vox Populi, realizada no final de agosto, o tamanho do bolsonarismo foi objeto de uma pergunta direta, com a seguinte redação: “Tem-se falado muito sobre o bolsonarismo, a forma como Bolsonaro faz política, as ideias defendidas por ele e sua equipe, o modo como fala e se relaciona com os seus opositores e com as pessoas de uma maneira geral. Em relação ao bolsonarismo, você diria que: a) gosta muito, se sente uma(um) bolsonarista; b) gosta, mas não se sente uma(um) bolsonarista; c) não gosta, nem desgosta do bolsonarismo; d) não gosta, mas não chega a detestar; ou e) detesta o bolsonarismo”. 

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No total da amostra, 6% dos entrevistados escolheram a primeira resposta e se auto-classificaram como “bolsonaristas”. Os outros 94%, em respeito às suas opções, não podem ser identificados da mesma maneira, mesmo os 17% que disseram que “gostavam, mas não se sentiam bolsonaristas”. O que a pesquisa mostra é que 94% da população não se define como bolsonarista (admita-se, todavia, que pode haver bolsonaristas com vergonha de se assumir, o que seria compreensível). 

Os bolsonaristas genuínos são poucos, em termos relativos, e são diferentes da média da população, a começar pelo gênero. Enquanto, na sociedade, as mulheres são uma maioria de 52%, entre os bolsonaristas elas não passam de 37%. Os homens são 63% dos bolsonaristas, o que talvez possa ser explicado por sua retórica de afirmação de toscos estereótipos masculinos (algo que nos faz pensar nos valores que as mulheres bolsonaristas compartilham). 

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Há outras diferenças, por exemplo na composição etária: na população adulta, os jovens de até 24 anos são 17%, mas não passam de 10% entre os bolsonaristas. Inversamente, as pessoas com mais de 45 anos de idade são 39% do universo, enquanto representam 48% dos bolsonaristas. No que se refere à renda, 28% dos bolsonaristas pertencem a famílias que ganham acima de 25 salários mínimos. Na população, no entanto, apenas 18% das pessoas têm esse perfil. 

Os bolsonaristas tendem a ser contra politicas de cotas para acesso às universidades públicas e se opõem a que o governo atue na promoção de direitos da população LGBT. Quase a metade é evangélica e vai toda semana à igreja. Também quase a metade se define como de cor ou raça “branca”.  

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Estão mais conectados à internet que a média: em cada quatro bolsonaristas, três a acessam diariamente. Seu uso de redes sociais para informar-se e interagir a respeito de questões politicas é quase o dobro do que se observa no conjunto da sociedade: no Whatsapp, por exemplo, 49% dos bolsonaristas compartilham conteúdos políticos, enquanto, na população, a proporção é 25%. 

Tanta informação não os torna realistas: 53% acreditam que os problemas econômicos do Brasil “já acabaram” ou “acabam até o fim deste ano”. No governo, seu preferido é Sergio Moro: 61% supõem que tem “ótimo” desempenho, contra 25% que dizem o mesmo do ministro da Fazenda (na população, os números são 15% e 4%, respectivamente). 

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O bolsonarismo é uma minoria pequena, mas com significativo potencial de militância: 86% afirmam que publicariam informações favoráveis a Bolsonaro em suas redes sociais, 48% adeririam a boicotes a seu pedido, 65% entrariam em perfis de artistas ou personalidades para defendê-lo e 89% pediriam votos para candidatos com ele alinhados. Para o capitão, talvez o mais relevante seja que 39% dos bolsonaristas asseguram que “se necessário, brigariam com pessoas com ideias contrárias a Bolsonaro”. 

É seu sonho: dispor de uma tropa para amedrontar quem discorda dele. É pouca gente, mas raivosa e beligerante. 

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