Bolsonaro é um palhaço? Um golpista? Ou os dois?

Pode parecer a alguns que os discursos de Bolsonaro, em Brasília e em São Paulo, neste 7 de setembro, tenham sido apenas repetições das barbaridades que vem dizendo há alguns meses, em suas ameaças frequentes à Constituição, que o levaria à chamada ruptura institucional, eufemismo de golpe.

“Ou o STF se enquadra ou pode sofrer aquilo que não queremos”, disse em seu discurso na Avenida Paulista, que reuniu milhares de seus seguidores. E disse mais, dentre outras barbaridades, que não aceitaria mais as decisões de Alexandre de Moraes, a quem chamou de canalha. Importante lembrar que as decisões de Alexandre de Moraes são baseadas em solicitações da Procuradoria Geral da República e/ou da Polícia Federal.

Pode ser que Bolsonaro tenha apenas falado mais do mesmo, tenha jogado para a plateia, para a sua turma, que são 25% da população, segundo última pesquisa do DataFolha.

Acho, porém, que agora o buraco é mais embaixo.

Desta vez falou para mais de 100 mil pessoas em São Paulo, ao vivo e em cores, o que pode mudar muita coisa. Afinal, teria convocado a sua galera para nada? Apenas para fazer campanha política para a reeleição?

A questão é que Bolsonaro está com um problemão nas mãos: ou se caracteriza, de vez, como um palhaço ou intervém no STF e dá o golpe. Se ficar o dito pelo não dito, se pinta de palhaço.

A questão é que, para dar o golpe, ele precisaria de um amplo apoio popular, o que não tem; apoio parlamentar majoritário, o que também não tem, e apoio das forças armadas, Exército principalmente, o que é uma incógnita. 

Nessa altura do campeonato, não sei o que é pior: ter um presidente palhaço ou ter um presidente golpista.

Quer dizer, sei sim. Pior é o golpista. O palhaço a gente tira na próxima eleição. Já o golpista fica um pouco mais difícil.