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Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

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Bolsonaro ladeira abaixo

O sociólogo e presidente do Vox Populi, Marcos Coimbra, observa que a queda na popularidade de Bolsonaro demonstrada nas últimas pesquisas "impressiona pela velocidade em que a piora de conceito vem acontecendo". "Se os inimigos da democracia, fardados, togados e enfatiotados, permitirem, teremos eleições no ano que vem. Pelo andar da carruagem, Bolsonaro pode ter que enfrentá-las como uma espécie de plebiscito e é grande a chance de que saia delas ainda menor", afirma.

(Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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A mais recente pesquisa Vox Populi é péssima para Bolsonaro. Em todas as dimensões pesquisadas, os números são muito ruins para ele e o governo.

Ela foi realizada entre os dias 23 e 26 de agosto e, na amostra nacional, foram ouvidas 2000 pessoas. Suficientes para identificar como a opinião pública vê a situação do País e o ocupante do Palácio do Planalto, seu comportamento e algumas políticas. 

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Como pior que uma notícia ruim só duas notícias ruins, a pesquisa Vox foi a segunda, na mesma semana, com resultados assim. Também o MDA, para a Confederação Nacional dos Transportes, mostrou que a imagem de Bolsonaro está em adiantado processo de decomposição.   

Segundo os dados do Vox, o governo Bolsonaro tem a avaliação positiva de 23% dos entrevistados, entre os quais estão 5% que enxergam motivos para classificá-lo como “ótimo”. Na outra ponta, há cinco vezes mais pessoas que o consideram “péssimo”, perfazendo 27% do total, além de 13% que dizem que é apenas “ruim”. Por enquanto, ainda há um terço, 35%, que acha que o governo é “regular”.

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Um desavisado poderia supor que essa avaliação negativa, superior à de qualquer presidente brasileiro em época parecida, é fruto das dificuldades que o País enfrenta. Esse, no entanto, não é o caso, pois a pesquisa indica que a imagem pessoal do capitão também é ruim. 

Dizem “gostar muito” de Bolsonaro 11% dos entrevistados, metade dos 22% que afirmam que o “detestam”. Há outros 19% que alegam que “gostam um pouco, mas não muito” e 23% que desgostam, sem detestá-lo. Restam 24%, que respondem ser indiferentes. Para os que fantasiam que o capitão é um “mito”, é bom lembrar que seus seguidores fiéis não vão além de uma em cada dez pessoas. Algo que não chega a ser impressionante. 

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O que impressiona é a velocidade em que a piora de conceito vem acontecendo. Há menos de dois meses, na safra anterior de pesquisas, feitas pelo Datafolha e o Ibope, Bolsonaro ainda mantinha uma avaliação positiva em torno de 30%, o que foi saudado até por ele próprio. Sabe-se lá o porquê, ele e alguns comentaristas imaginaram que esses 30% eram seu piso e que, com ele, poderia não apenas disputar a reeleição, como seria favorito a vencê-la, pois nenhum adversário partiria de tal base.  

Balela. Passaram-se algumas semanas e o tal terço virou poeira. Esqueceram-se que era somente um estádio na descida da ladeira. Depois dos trinta, vieram os vinte e logo estaremos nos dez.

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O prognóstico para o capitão é negativo. O horizonte de erosão acelerada da popularidade era previsível e está sendo confirmado. Nada tem de conjuntural, ainda que as inacreditáveis atitudes tomadas em relação à devastação causada pelos incêndios na Amazônia tenham que ser contabilizadas nos resultados obtidos. 

Bolsonaro vai mal porque é detestado por mais de uma em cada cinco pessoas e porque não consegue oferecer às outras motivos para aprová-lo. Ainda pensando em um grupo de cinco, para cada três, faz um governo incompetente e sem realizações. 

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Considerando a soma de “ótimo” e “bom”, apenas 15% dos entrevistados aprovam as politicas do governo para a geração de empregos, 15% para o meio ambiente, 11% para a valorização do salário mínimo, 21% para a educação, 14% para a saúde, 14% para a projeção da imagem do Brasil no Exterior. Os melhores números são os das áreas em que o marketing de Bolsonaro insiste, a segurança pública e o “combate à corrupção”. As ações do governo em nenhuma, no entanto, ultrapassam um terço de aprovação: 33% na luta anticorrupção e 26% na segurança (ambas temas do finado Sergio Moro).   

O relógio anda depressa e logo chegará a hora em que as pessoas que ainda não tomaram posição (a maioria das que estão no “regular”) se resolverá. Muito provavelmente, até o fim deste ano, o desgaste será maior. De 23% agora, a aprovação ficará próxima a 10% e a desaprovação alcançará 50%. 

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Sempre restará a Bolsonaro uma tropa na sociedade, disposta a brigar (até no soco) com a maioria do País e a desafiar a opinião pública internacional. Há gente bizarra para tudo, que acredita em qualquer coisa. 

Se os inimigos da democracia, fardados, togados e enfatiotados, permitirem, teremos eleições no ano que vem. Pelo andar da carruagem, Bolsonaro pode ter que enfrentá-las como uma espécie de plebiscito e é grande a chance de que saia delas ainda menor. Talvez não dure dois anos a lamentável experiência a que fomos levados em 2018. 

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