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Marconi Moura de Lima Burum

Mestrando em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB, pós-graduado em Direito Público e graduado em Letras. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Trabalha na UEG. No Brasil 247, imprime questões para o debate de uma nova estética civilizatória

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Carta àqueles que têm medo do NÃO-impeachment de Dilma

Aos meus amigos que tanto me afrontam nas Redes Sociais, tenho-lhes um triste recado: a Dilma não cai! Não pelo Golpe! Certeza que sairá pelo processo de intervenção eleitoral de 2018; só!

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Aos meus amigos que tanto me afrontam nas Redes Sociais, tenho-lhes um triste recado: a Dilma não cai! Não pelo Golpe! Certeza que sairá pelo processo de intervenção eleitoral de 2018; só!

Todavia, esse não é único recado que lhes tenho. Um outro é fundamental, entretanto, a tristeza agora é minha. Aquilo que vocês dizem [na internet e nos bares por aí] que foi só o Mercado saber do risco de seu Impeachment que a bolsa subiu, o dólar caiu e tudo mais. A vocês eu tenho uma notícia a dar: o Mercado tem medo de que Dilma, ao passar essa esquizofrenia política vigente, vá dar uma guinada mais à esquerda e resolva implementar políticas de intervenção na economia, ascendendo processos decisórios em que a agenda social prevaleça sobre este mesmo Mercado.

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Lamentavelmente, se eu tinha alguma esperança que esse Governo parasse de pagar os juros da dívida pública que custa do sacrifício nacional, portanto, regida pela política neoliberal de Fernando Henrique, Sarney (etc.) que custeava bilhões aos montes (só em 2015 foram cerca de 367 bi; e em 1999 eram 400 bi de dívida) para servir aos bancos, isso não ocorrerá porque, com a devida vênia à Presidenta do meu País (e o faço com o respeito possível), ela é fraca para enfrentar o Mercado e realizar o meu sonho e de tantos ideólogos da Esquerda.

Enquanto vocês querem mais liberalismo econômico, mais austeridade, mais superávit primário, eu quero mais rigidez com os banqueiros e rentistas sanguinários deste País que tomam quase todo o PIB que nos seria devoluto para investimentos essenciais em saúde e políticas sociais. Enquanto vocês rosnam pela saída de uma Presidente, iludidos que a gasolina baixará no dia seguinte (portanto, no imediatismo inconsequente e individual), eu grito por mais direitos para o povo trabalhador e para o jovem da favela que, como eu, em tempos remotos, não tinha direito a disputar uma vaga ao lado do riquinho para também na mesma rua, abrir um consultório dentário, ou de advocacia, e disputar os clientes de seu pai.

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Aliás, onde vocês estavam quando tantos sofriam nas ruas deste Brasil para assegurar direitos mínimos? Sejam bem-vindos à luta, todavia, tenham mais respeito àqueles que enfrentaram o aparelho repressor do Estado para que tu pudesse carregar esse cartaz aí, meu filho! (Fecha parêntese.)

Lamento [mais para mim que para vocês], mas ao não cair, Dilma não irá implantar a agenda dos meus sonhos e, portanto, acabar com esses marajás que durante 502 anos viveram a custa do Estado e sob o maltrato ao cidadão comum-diário. Ou seja: se teu receio é de Dilma ficar e o Mercado sofrer, o meu é de Dilma ficar e o Mercado prevalecer.

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Se diminuirmos o pagamento desses juros (entenda melhor), o bolso do brasileiro voltará a ver dinheiro; sairíamos dessa crise. Ou acabamos com o hiperganho do sistema financeiro, ou eles acabam conosco, com o povo. No entanto, sem o apoio dos deputados que elegemos isso será impossível à Presidente. (Fecha parêntese 2.)

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Gostaria de ver Dilma vencer o Golpe do dia 17 de abril próximo, mas que os bilhões dos juros da dívida fossem redistribuídos para o Minha Casa, Minha Vida e para o Prouni. Ver a Lei Rouanet deixar de [só] patrocinar os grandes espetáculos do Itaú Cultural ou do Circo de Soleil, e garantir os saraus da periferia, os festivais da favela e as pequenas companhias de teatro. Ver o setor produtivo e o de infraestrutura nacional herdar estímulos para investir na indústria, gerando empregos aos montes, ao invés de ladearem projetos imbecis como o do Senador José Serra – que entrega de bandeja a riqueza do Pré-Sal aos empresários estrangeiros, deixando os brasileiros às migalhas. Gostaria de ver Dilma desafiar essa lógica posta por Pedro Álvares Cabral em 1.500 após o sermão da 1ª Missa na Ilha de Vera Cruz e, portanto, devolver a terra a quem produz no campo, tanto para o pequeno agricultor familiar, quanto ao agronegócio, porém, jamais ao ócio da especulação imobiliária (terra parada) dos grandes latifundiários.

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Ah, gostaria ainda de ver Dilma pegar os mais de 450 milhões de reais (média anual) investidos pelo governo na Rede Globo nas campanhas publicitárias e de utilidade pública e fazer cumprir a Constituição Federal, se não na regulamentação de direito dos Arts. 220 e 221 da CF-1988, ao menos de fato, assim redistribuindo esse essencial investimento das propagandas do Estado Federal nas multimídias, pequenos jornais, rádios comunitárias e TVs públicas. Isso é Democratização dos Meios – na prática. Mas Dilma não fará, porque – com pouca culpa dela – herdou um Estado mesquinho e superestruturado para atender aos privilégios dessas minorias ridículas e patéticas.

Portanto, minha gente, Dilma não cai. Todavia, fiquem tranquilas as marionetes da elite, e aqueles da classe média-baixa ou os pobres que são usados o tempo inteiro para ajudá-los a se perpetuarem nos privilégios; fiquem tranquilos que o Sistema continuará sendo o mesmo e vigente. Trata-se do Estado patrimonialista, da cultura paternalista, do gerencialismo retórico que produziu a superestrutura para servir os "senhores de engenho" – na modernidade – cujos esforços da Esquerda em aniquilar essas regalias da elite não se sustentaram ciclicamente, e a mitigação de misérias econômico-sociais e das desigualdades somente aguçou ainda mais a fúria dominante dessa gente egoísta. Agora querem vingança, não contra o Governo, mas para impor ainda mais seu julgo sobre o povo menos abastado.

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É bom lembrar que as imundices do Congresso Nacional (só os imundos), eles ainda serão seus deputados e senadores. Lembrem-se disso! Eles mandam! (Fecha parêntese 3.)

Quanto à Presidenta continuar respeitando esse Mercado expropriador e sanguinário, tenho também um recado: Dilma, continuo nas ruas a te defender. Estou na luta e vou até a última gota de suor ou sangue. Contudo, não é porque tu me representes [na integralidade; mas parcialmente]. Defendo-te somente por dois motivos, a saber: o primeiro é que brasileiros aos montes morreram para termos Democracia, para sermos um Estado de Direito, para haver Constituição e Cidadania. Não podemos perder isso somente pelos caprichos de uma elite imunda (sobretudo, os rentistas), ou pelo imediatismo pouco-solucional de algumas comunidades de gente simples. O segundo é porque, se tu não terás a coragem de radicalizar com essa gente egoísta, ao menos as conquistas mínimas que o povo pobre conseguiu, contigo, elas serão mantidas. E isso já nos vale a luta, Dilma.

Sim, àqueles que a Carta não serviu de recado, fica apenas como dica. (Fecha parêntese 4.)

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