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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Celso Amorim detalha o seu encontro com Zelensky, em Kiev

"A nossa missão está em curso”, resumiu o assessor especial para assuntos internacionais

Celso Amorim e Zelensky (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil | REUTERS/Aleksandra Szmigiel)
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 Lá se vão 12 dias, desde que o assessor especial para assuntos internacionais e ex-chanceler, Celso Amorim, se avistou com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Olexandrovytch Zelensky. De lá para cá, houve a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao encontro dos países do G-7, em Hiroshima, no Japão, cercada de muita especulação em torno de um desencontro dos chefes de Estado da Ucrânia e do Brasil. Amorim, mesmo sem ter participado da viagem – por motivos meramente pessoais -, explica que “esses desencontros de agendas são comuns nesses casos. São muitas reuniões bilaterais. Não há nada além do que já foi dito”, refuta.

 Em seguida, depois de relatar ao 247, sua verdadeira “aventura” no deslocamento até Kiev (Celso Amorim relata impressões sobre sua viagem à Ucrânia - Denise Assis - Brasil 247), conta, conforme havia prometido, seu encontro com Zelensky, em missão a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 10 de maio.  

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 O ex-chanceler, se preparou com tranquilidade para ir ao encontro do vice-ministro ucraniano Andrii Melnyk, naquela quarta-feira. Desde a sua chegada a Kiev, às 10h, quando foi recebido por ele, na estação, combinaram que se avistariam em um almoço e em seguida partiriam para o encontro com o presidente, Volodymyr Zelensky, marcado para a sede do governo, já no final da tarde. Para cumprir a tarefa, Amorim se deslocou com os veículos oficiais da embaixada do Brasil.

 Durante a refeição, num restaurante próximo ao destino - onde saboreou um frango à Kiev -, as conversas giraram em torno das expectativas do vice-ministro, Melnyk, sobre a contribuição do nosso país, para o fim da guerra, mais tarde externadas à imprensa. Em sua opinião, “o Brasil poderá realizar um importante papel para deter a agressão russa e alcançar uma paz duradoura e justa”, relatou o chanceler, que não tem tanta certeza sobre um desfecho rápido, quanto o vice-ministro. “A minha sensação é a de que é muito difícil esse diálogo acontecer por agora. Ambos os lados estão muito arraigados às suas convicções básicas. E independentemente das disposições da carta da ONU, ainda não há uma percepção sobre a urgência da paz. A não ser de alguns países em desenvolvimento, como a Indonésia, os africanos, como o Brasil”, imagina.

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  Não havia por parte de Amorim nenhum sentimento de ansiedade, acostumado que está à rotina de reuniões oficiais. Ao entrar nas instalações do prédio – “sem luxo, uma construção normal, com aspecto de repartição pública” -, notou que havia pouca iluminação, e observou com curiosidade “sacos de areia no trajeto até a sala de Volodymyr Zelensky, a única peça com uma decoração um pouco mais requintada”, descreveu. Sua percepção é a de que estavam ali para alguma eventualidade da natureza da guerra. Reparou também nas vestes dos anfitriões. “Eles trajavam uma espécie de uniformes de campanha, muito ao estilo dos usados em Cuba”.

 Amorim, claro, já conhecia várias fotos de Zelenky e, portanto, não estranhou quando viu diante de si uma figura de estatura mediana, de aspecto jovem (Zelensky tem 45 anos) e um pouco mais forte do que aparenta nas imagens. “Ele é jovem”, repisa Amorim, que havia viajado cerca de 40h para encontrá-lo e foi recebido “com cordialidade, mas sem efusão e muitos sorrisos, como era de se esperar de uma situação como esta”, detalha.

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 “A conversa transcorreu com seriedade e simpatia. Ele agradeceu o nosso esforço de ir até lá, e disse que esperava se encontrar com o presidente Lula, em breve”. A expectativa do presidente ucraniano, porém, terá de aguardar, pois pelas declarações do presidente brasileiro isso não deve ocorrer por agora. Lula tem dito que espera encontrar ambos - Putin e Zelensky - para um diálogo de paz.

 Apesar de reconhecer o esforço de Amorim – e bota esforço nisso, pois como dito acima foram mais de 40h de viagem -, a reunião durou entre 40 e 45m. O Assessor foi recepcionado com água, chá e café, como já havia acontecido na sua chegada, primeiro em uma sala de visitas, depois na de Zelensky, acompanhado do chefe de gabinete, (uma espécie de chefe da Casa Civil), e o vice-chefe de gabinete. Ambos permaneceram em silêncio. Apenas o presidente ucraniano emitia opiniões.

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 No trajeto até a sede do governo Amorim passou por “um ou outro prédio danificado, mas nada que se compara ao que é mostrado nos vídeos, que chegam por aqui”, faz questão de detalhar.

 Ao apertarem as mãos, na despedida, Amorim ouviu de Zelensky a promessa de “manter o diálogo com o Brasil”.

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 Pode parecer estranho aos que não são do ramo, um esforço desta envergadura para 45m de conversa, mas para Celso Amorim, a sensação ao sair do encontro com o presidente da Ucrânia, embora dominado pelo cansaço, foi a de que “o dever está apenas se desenvolvendo. A nossa missão está em curso”, define.  

 Ele aproveita para definir a viagem de Lula, ao Japão, como “extremamente bem-sucedida. Ele se encontrou com 11 chefes de Estado e proferiu discursos muito bem aceitos. Apesar de dar prioridade ao encontro do G-20, não poderia deixar de ir ao G-7, para onde foi convidado e o Brasil novamente marcou presença internacional. Com isso temos recebido recursos para compor um fundo para a preservação da Amazônia. Claro que é do nosso interesse, mas o mundo agradece. Estamos ajudando a preservar o planeta”, conclui.

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