Centrão vai mesmo desembarcar do governo?
O recuo da Federação tem sido visto com preocupação por correligionários
Essa foi a pergunta mais feita nos últimos minutos nos corredores do Congresso Nacional, mas, se olharmos de lupa, a resposta é não. A dúvida começou a rondar nos bastidores após a convocação de uma entrevista coletiva da Federação UP (União Progressistas), na qual anunciou a exigência de que “os detentores de mandato devem renunciar a qualquer função no governo federal”. Em nota, a Federação ameaçou afastar os indicados a cargos no governo caso a determinação não seja cumprida.
A coletiva do anúncio, no entanto, foi esvaziada, com poucos correligionários presentes e realizada somente pelo presidente do União Brasil, Antônio Rueda, que fez uma breve fala, sem abrir para perguntas. A expectativa era de que os presidentes dos dois partidos participassem juntos e se apresentem como contraponto ao governo.
A decisão da Federação atinge somente dois ministros. São eles: Fufuca (PP), do Esporte, e Celso Sabino (União), do Turismo. O União tem outros dois ministérios (Comunicações e Desenvolvimento Regional), mas esses devem ser preservados por serem indicações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União).
Também não deve entrar na lista de devolução de cargos as presidências da Caixa e da Codevasf, indicações de Arthur Lira (PP), ex-presidente da Câmara, e Elmar Nascimento, ex-líder do União. Entre deputados dessas legendas, o gesto da Federação expõe os colegas, hoje, ministros, que serão forçados a fazer uma escolha. Há quem diga que a mudança de partido seja uma saída. Celso Sabino, por exemplo, poderia ir para o MDB, mas a composição estadual junto a família Barbalho pode ser um impedimento, já que Sabino e o atual governador do Pará, Helder Barbalho, almejam o cargo de senador pelo estado. Em conversas reservadas, tanto Sabino como Fufuca vinham demonstrando interesse em permanecer no governo.
O recuo da Federação tem sido visto com preocupação por correligionários, que avaliam um tensionamento na relação do governo com o Legislativo. Embora, internamente, o Palácio do Planalto não veja o movimento como um desembarque, a suposta saída trará elementos para uma nova crise.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




