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William De Lucca

Jornalista e especialista em marketing digital. Atualmente, é ativista digital, lgbt e de direitos humanos, coordena o marketing do Sindicato dos Bancários de SP, apresenta o programa Estúdio Diversidade, na TV 247, e escreve sobre diversidade no site Brasil 247

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Damares Alves não quer controlar suas roupas, mas ampliar a exclusão LGBT

Engana-se quem acha que a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, quer controlar o que você veste ou deixa de vestir: os planos da pastora evangélica fundamentalista passam por negar direitos a população LGBT, a combater iniciativas de combate a homofobia e a transfobia nas escolas e a excluir formatos de família não tradicionais da sociedade

Damares Alves não quer controlar suas roupas, mas ampliar a exclusão LGBT (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
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Alguns debates profundos acabam ganhando uma superficialidade incômoda na agilidade pós-moderna e na modéstia de toques dos posts de redes sociais. A fala da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, sobre meninos usarem azul e meninas usarem rosa é um exemplo disso. Rapidamente, a internet encheu-se de memes e piadas (engraçadíssimas, diga-se de passagem), mas também de gente que achou que o assunto era irrelevante demais para ser digno de nota, e que a cor de roupa de cada um é um motivo de foro íntimo, e então o melhor que se pode fazer é ignorar o chiste da ministra de Bolsonaro.

Pois engana-se quem, ao se levar pela aparente frivolidade do comentário da advogada e pastora evangélica “terrivelmente cristã”, segundo suas próprias palavras, que o debate travado era sobre moda.

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Damares é um dos pilares do fundamentalismo cristão no governo do Messias, o Jair. Opositora ferrenha dos direitos fundamentais da população LGBT, das feministas e dos movimentos sociais progressistas em geral, a ministra não pretende tratar uma guerra contra o seu armário, mas contra as identidades de gênero e as orientações sexuais não-normativas.

Uma das maiores entusiastas do combate a “ideologia de gênero”, uma invenção da extrema-direita delirante sobre um plano maligno da esquerda para acabar com os papéis de gênero, com a família e, por consequência, com a sociedade, Damares dá indícios de como será sua atuação no ministério com frases soltas que acabam virando piada. O problema é que as políticas públicas que se darão com base em sua ideologia não terão nenhuma graça.

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Em sua gestão a frente de um ministério que leva o nome de família, Damares deve impor o conceito conservador do termo para negar avanços e direitos para casais homoafetivos e até mesmo para famílias com composições não tradicionais. Extrapolando a piada sobre meninas, meninos e cores de roupa, a ministra-pastora vai estancar o debate sobre bullying homofóbico e transfóbico no âmbito federal, impedindo que iniciativas para que se debate gênero, orientações e identidades floresçam e matando a possibilidade de novas gerações mais tolerantes e inclusivas.

Os sinais de que não teremos avanços na criminalização da homotransfobia, em uma lei de identidade de gênero, no casamento homoafetivo na Constituição, que antes eram fortes antes da posse, ficam cada vez mais claros.

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Meninas usarem rosa e meninos usarem azul não fala sobre peças de roupa, mas sobre normatização. É um statement de heteronormatividade, de cisgeneridade, de manutenção do status quo e de que lugar gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais devam esperar ter no governo Bolsonaro e na sociedade que se moverá ao seu redor. E não tem nada de engraçado lá.

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