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Hélio Doyle

Hélio Doyle é jornalista, foi professor da Universidade de Brasília e secretário da Casa Civil do governo do Distrito Federal

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Dividida, Argentina nos dá exemplos de democracia

Os peronistas estão dando aos tucanos e aliados uma lição de respeito à democracia. Macri, sem lotear seu governo, está dando a Dilma uma lição de como fazer de uma vitória eleitoral apertada uma vitória política

Os peronistas estão dando aos tucanos e aliados uma lição de respeito à democracia. Macri, sem lotear seu governo, está dando a Dilma uma lição de como fazer de uma vitória eleitoral apertada uma vitória política (Foto: Hélio Doyle)
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Maurício Macri ganhou as eleições na Argentina com uma diferença de menos de 3% dos votos. Menor do que a diferença entre Dilma e Aécio em 2014. Seu partido e aliados, porém, não fizeram maioria no Congresso, e os peronistas derrotados têm maioria no Senado. A Argentina está literalmente dividida. Multidões de verdade foram às ruas em Buenos Aires para se despedir de Cristina Kirchner no último dia de seu mandato e para saudar Macri no dia em que tomou posse. A qualquer observador era possível, apenas olhando as fisionomias, as roupas e o estilo das duas multidões, entender qual é o eleitorado peronista e qual é o eleitorado macrista. Para quem conhece Buenos Aires, Bajo Flores em um dia, Recoleta no outro. Com nuances e sem generalizar, claro.

O clima, nesse ambiente, poderia ser de radicalização e polarização. Mas não é, salvo por alguns fatos menores e pontuais, como a ridícula briga sobre a transmissão do cargo – na qual Cristina e Macri demonstraram intransigência infantil. Os peronistas reconheceram a derrota eleitoral, assim como fizeram os chavistas na Venezuela, e se preparam para ser oposição. Macri e seus aliados não têm adotado posturas sectárias, nem tripudiam sobre seus adversários. Pelo contrário, o novo presidente, identificado como uma “nova direita”, tem procurado mostrar que quer dialogar e se entender com todas as forças políticas e sociais. No primeiro dia de gestão, recebeu os candidatos derrotados na eleição presidencial, inclusive o peronista Daniel Scioli, com quem disputou o segundo turno. No dia seguinte, reuniu-se com os 24 governadores, vários deles peronistas – a primeira reunião desse tipo desde 2002. O primeiro dia de trabalho do ministro da Educação foi marcado por uma longa reunião com os sindicatos de professores.

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Macri sabe, como todos os argentinos, que os peronistas não são unidos e que Cristina Kirchner será contestada dentro de seus quadros. A candidatura de Sérgio Massa, o terceiro colocado, já indicou uma fratura no peronismo e Scioli nunca escondeu suas divergências com a então presidente. Se não cair no sectarismo e não reduzir ou acabar com os populares programas sociais das gestões Kirchner, Macri poderá aumentar sua base política e estender a base social a setores que não lhe apoiaram. Se efetivamente combater a corrupção, o que não combina com os denunciados malfeitos cometidos como empresário e como governador de Buenos Aires, poderá criar um contraponto efetivo ao kirchnerismo.   

Pode ser que daqui a um tempo, dependendo do desempenho do governo, a oposição radicalize e queira derrubar Macri, como está fazendo a oposição brasileira, aqui com sinais trocados: a presidente Dilma Rousseff, pela esquerda, está sendo atacada violentamente pela direita desde o dia da posse. Ao contrário dos peronistas, a direita brasileira não reconheceu o resultado, chegou até a alegar fraude e tudo faz para inviabilizar o governo e promover sua derrubada, por renúncia, processo judicial ou impeachment.

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Os peronistas estão dando aos tucanos e aliados uma lição de respeito à democracia. Macri, sem lotear seu governo, está dando a Dilma uma lição de como fazer de uma vitória eleitoral apertada uma vitória política. Até quando as coisas seguirão assim, não se sabe.

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