Dos delitos e das penas!
Entre erros táticos, pressões do Congresso e limites do arcabouço fiscal, a política volta a mostrar que decisões pragmáticas podem cobrar um preço alto
Muitos sabem que sou um apaixonado defensor da Dilma em todos os lugares em que se possa imaginar, mas ela estava errada quando dizia que “havia coisas inegociáveis na política”, e isso custou caro demais ao país. Seis anos de desgoverno, um impedimento traumático.
Penso, ainda, que seus assessores a levaram ao erro: diziam que eles (a extrema-direita em formatação e a direita, erroneamente chamada de “centrão”) iam recuar; ao contrário, impuseram o impeachment. Sabem por quê?
“Pedaladas fiscais”, algo esdrúxulo do pacto fiscal brasileiro.
Trazendo para o presente, de um Congresso ainda pior do que o de 14, 18, ontem teve um acordo de votação, não nas matérias em si, que resultou na aprovação do PL da Dosimetria (um absurdo contra a democracia) e de um projeto que repõe uma arrecadação de cerca de R$ 22 bilhões de fintechs e bets.
Jogaram o nome do senador Jaques Wagner na lama. Penso que ele pode ter errado, poderia resistir, mas ele disse que os três requerimentos para adiar a votação do PL da Dosimetria tinham sido rejeitados; sobrou uma mediação para abrir espaços para dupla votação. O PT, o governo, votaram contra o PL da Dosimetria; a oposição, maioria, votou e, para amenizar o desgaste, votou no segundo projeto de taxação.
Sobrando ainda duas chances: o veto presidencial e o questionamento no STF.
Vejamos que esses tais R$ 22 bilhões que a mídia corporativa espalhou como uma “troca pela democracia” parecem uma ninharia perto dos R$ 5,8 trilhões do orçamento, mas, sem eles, os R$ 22 bilhões, pode significar descumprimento do arcabouço fiscal. Sabem o significado?
Olhando de longe, ou com olhos dos inimigos — Globo, Folha — parece um desastre, mas, quando se põe a lupa, percebe-se que foi ruim, mas há uma preocupação legítima com o futuro, mesmo que o desgaste tenha sido grande e deixe marcas.
Aviso que vão contar comigo para ser uma das “Fúrias” a fustigar Jaques Wagner, ou celebrar Alessandro Vieira ou Renan Calheiros, por um arroubo moralista.
É isso, ou não!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.



