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Lula vai citar pesquisas ao vetar PL da Dosimetria

Levantamentos de diferentes institutos mostram que a maioria da população rejeita o projeto

Presidente Lula durante entrevista à TV Verdes Mares. Fortaleza (CE) (Foto: Foto: Ricardo Stuckert / PR)

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve recorrer aos resultados de pesquisas de opinião recentes para embasar a decisão de vetar o Projeto de Lei da Dosimetria, aprovado pelo Senado Federal na noite de quarta-feira (17). A avaliação no Palácio do Planalto é de que a proposta enfrenta resistência expressiva da sociedade, especialmente por ser associada a uma possível anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Em conversas reservadas com senadores aliados ao longo da última semana, Lula destacou que levantamentos de opinião indicam rejeição majoritária ao conteúdo do projeto, inclusive entre eleitores de perfil moderado. Recentemente, pesquisas da Quaest e AtlasIntel mostraram que a maioria da população rejeita o PL da Dosimetria.

De acordo com interlocutores do governo, o presidente tem reforçado que sancionar o texto poderia gerar desgaste político desnecessário, sobretudo junto à militância de esquerda, que se posiciona de forma contundente contra qualquer medida interpretada como leniência com os responsáveis pelos ataques às sedes dos Três Poderes. A leitura no Planalto é de que o custo político da sanção superaria eventuais ganhos institucionais.

A expectativa é que Lula anuncie a decisão nos próximos dias. O objetivo, segundo assessores, é evitar que avance a narrativa de que a própria base governista teria articulado a aprovação do projeto no Congresso Nacional. A avaliação interna aponta para a necessidade de preservar a coerência do discurso do governo em defesa da responsabilização dos envolvidos nos atos antidemocráticos.

Relatos feitos à CNN Brasil indicam ainda que o presidente ficou incomodado com a atuação do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Sem aval direto do Palácio do Planalto, o senador teria costurado um acordo de procedimentos que viabilizou a votação do PL da Dosimetria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com o objetivo de destravar a pauta e permitir o avanço de propostas econômicas de interesse do Executivo.

Apesar de reconhecer o esforço para aprovar medidas arrecadatórias, assessores presidenciais avaliaram a iniciativa como imprudente. O incômodo aumentou após Wagner mencionar, em discurso na CCJ, a possibilidade de o presidente sancionar o projeto antes do Natal, declaração que provocou reação negativa entre setores da militância de esquerda.

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