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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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É preciso derrotar a direita em São Paulo

É preciso derrotar a direita de São Paulo, sem o que a democracia não se consolidará no país

São Paulo (SP) - 28/03/2025 - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, durante leilão ferroviário em sesão pública na B3 (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

A direita em São Paulo traz suas origens o que ela denominou de Revolução de 1932. Um movimento de reação da oligarquia do café, deslocada pela Revolução de 1930, dirigida por Getúlio Vargas.

Desde aquele momento, se difundiu a visão de São Paulo como a locomotiva da nação, que arrastava os outros estados. De São Paulo como o eixo democrático de resistência ao getulismo, considerado um atentado à democracia.

Desde aquele momento, São Paulo se constituiu no eixo da direita no país. Foi sempre derrotada eleitoralmente pelo getulismo, tanto nas primeiras eleições depois da redemocratização do país, como nas eleições sucessivas de 1950 e 1955.

Quando conseguiu eleger um aventureiro, Jânio Quadros, que terminou renunciando após poucos meses de governo, abriu-se campo para que o seu vice, João Goulart, diretamente vinculado ao getulismo, assumisse o governo.

A direita paulista teve que esperar o golpe militar para chegar ao governo, em plena ditadura. Ela, que pretendia personificar as forças democráticas contra o getulismo.

Mais recentemente, derrotada pelo PT, refugiou-se de novo em São Paulo, com o governo de Tarcísio de Freitas. A adesão direta de Tarcísio ao bolsonarismo deixa a direita paulista em palpos de aranha. Os editoriais do Estado de São Paulo – a melhor expressão dos interesses desse setor, junto aos da Folha de São Paulo – apelam desesperadamente a Tarcísio para que se distancie de Bolsonaro, enquanto o governador de São Paulo reitera diariamente seus vínculos com Bolsonaro.

É preciso derrotar a direita de São Paulo, sem o que a democracia não se consolidará no país. Lula parece contar com a candidatura de Geraldo Alckmin, que já foi governador de São Paulo por quatro mandatos, quando era tucano.

A situação de Tarcísio atualmente é muito difícil, pela quantidade enorme de erros que ele segue cometendo. Ele sabe que, caso se candidatasse à presidência, como setores de direita querem, correria o risco de ser derrotado por Lula e ficar sem o governo de São Paulo.

Se perde para a presidência, já se lançaria com força para as eleições de 2030, mas, sem o governo de São Paulo, estaria fragilizado. Até porque a possibilidade da direita perder o governo paulista aumentaria.

Hoje, para a esquerda conseguir derrotar a direita em São Paulo, a candidatura de Alckmin é a melhor perspectiva. Não significa que manterá o apoio que tinha quando era tucano, mas poderá preservar uma parte dele. E a última pesquisa mostra que Lula tem mais apoio em São Paulo do que Tarcísio, o que significa que o apoio do presidente da República pode ser decisivo para derrotar a direita em São Paulo.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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