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Marconi Moura de Lima Burum

Mestrando em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB, pós-graduado em Direito Público e graduado em Letras. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Trabalha na UEG. No Brasil 247, imprime questões para o debate de uma nova estética civilizatória

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Eduardo Moreira pode ser Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Misto de capitalista liberal com um reformista emancipatório, Eduardo Moreira é o homem certo para assumir a pasta, num eventual terceiro mandato de Lula

Lula, Fernando Haddad e Eduardo Moreira (Foto: Ricardo Stuckert)
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Tenho aprendido com José Geraldo de Sousa Junior sobre a perspectiva do humanismo emancipatório[1]. Não nos deixa desse plano sem nos apresentar Roberto Lyra Filho as diretrizes para o humanismo dialético.  Entretanto, ainda prevalece sobre as cabeças dos bons – e poucos –  homens e mulheres da livre iniciativa, o chamado humanismo liberal. Embora seja essa categoria o esforço de tornar o capitalismo um evento menos cruel, continua sendo capitalismo. Em todo caso, o Brasil, sua cultura e economia, são capitalistas. 

Consta na mentalidade do brasileiro e no artigo 1º, IV, da sua Constituição Federal essa tal de livre iniciativa[2]. Resta-nos transformá-la em planos menos concorrenciais e mais cooperativos; menos competição e mais solidariedade. Para isso, haveremos de, nesta eleição de 2022, buscar propostas que estejam vestidas de um humanismo crítico, que seja capaz de questionar se é mesmo possível vivermos numa sociedade melhor, fraterna e sóbria com as premissas liberais, ou se os paradigmas da emancipação das pessoas não perpassam fundamentalmente por um modelo de economia frugal.

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Feita esta introdução, chego ao Eduardo Moreira, um economista que por bom tempo ocupou o templo do capitalismo brasileiro (ali na Faria Lima). Trata-se de um ex-banqueiro que passou por uma experiência transcendental (ou quase isso) que o fez questionar as injustiças sociais reiteradas no propósito do sistema capital. Uma epifania que mudou sobremaneira o modo de pensar e de agir deste sujeito. 

Em síntese, Moreira adoeceu no mesmo tempo em que a filha de seu empregado também se viu acometida por doença. Ele, rico, teve o atendimento imediato e todo o tratamento na melhor rede de hospitais privados dos Brasil. Ela, pobre, precisou aguardar o tempo da saúde pública (um SUS necessário, mas que sofre com as gestões de incompetentes e cortes permanentes de recursos). O despertar de Moreira surge porque em sua alma não habitava apenas o humanismo liberal, entretanto, o emancipatório-dialético. E se pergunta o porquê daquela injustiça. Daí para frente, Eduardo muda completamente seu perceber a economia, o sistema e as estruturas que movem a máquina civilizatória, brasileira e mundial.[3]

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Pois bem! Esse sujeito, um misto de capitalista liberal com um reformista emancipatório, é o homem certo para assumir, num eventual terceiro mandato do presidente Lula, o antigo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, órgão este destruído após o Golpe de 16 e tão necessário ao Brasil, sobretudo, num tempo de colapso tão crítico como este dos tempos de trevas bolsonariana. No resumo, Lula tem feito o – correto – movimento de atrair, ao mesmo tempo, as forças do mercado (a superestrutura) e as forças sociais e populares. Lula busca para sentar na mesma mesa os antagônicos. E precisa de pontos focais capazes de coadunar seu estilo de fazer política e governar. Eduardo Moreira, por todo o acervo empírico, currículo acadêmico, acúmulos culturais, tanto ao conteúdo pessoal, quanto o profissional que reúne, seria uma espécie de “bispo” nesse xadrez jogado por Lula para recuperar a economia, os direitos e a alegria do povo brasileiro. Senão, vejamos. Não se pode recuperar a economia do Brasil sem se devolver o emprego e o sistema de produção num ciclo em que o consumo (torçamos, consciente) feche o círculo virtuoso para abrir novos horizontes ao sistema social de direitos. Todavia, é fundamental um modelo industrial potente, que, de um lado rompa com o sistema especulativo, em que os bilhões, trilhões de reais deixam de ser investidos para prover o desenvolvimento (evidentemente, sustentável e ecológico), e são jogados na lata do lixo das bolsas de valores e dos juros do sistema financeiro; e de outro, que deixe de depender do agronegócio como maior fomentador da balança comercial brasileira. Moreira, como ex-banqueiro sabe o quão danoso (para a sociedade) é uma estrutura estatal que favoreça a política de juros em detrimento de uma responsabilidade social. Por outro lado, como economista e educador, estudou Celso Furtado e as dimensões que um dos maiores intelectuais do mundo apresentou referente ao subdesenvolvimento da América Latina (claro, também do Brasil) dependente de commodities e alheio a um sistema industrial como vetor econômico. O Brasil ainda vive sob a esteira do mito do desenvolvimento que Furtado alertou há décadas.  Destarte, Eduardo tem feito articulações em sua nova empresa, o Instituto Conhecimento Liberta (ICL), que mostra seu caráter visionário e pluridiverso. As pontes que tem construído com o ICL[4], os nomes nacionais e internacionais que tem aglutinado para o programa de educação que criou é algo inovador e necessário. Tenho certo que essa mesma inspiração fará dele um grande articulador com o comércio internacional, abrindo portas ao País para investimentos responsáveis e a fim de favorecer a balança comercial do Brasil. Partindo das características, de um lado, do futuro presidente do Brasil (torçamos por isso), o Lula que opera uma política de consensos, de conciliação entre as classes com vistas a cavar direitos, oportunidades, emprego e educação para o povo, e do outro, do Eduardo que se descobriu um capitalista humanista crítico (a tese liberal + a antítese emancipatória fez essa oportuna síntese), tenho certo que esta é uma ótima receita para recuperar, a partir de uma pasta tão estratégica, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (além de outras), a arruinada economia do Brasil. É evidente que a correlação de forças do novo governo em 2023 precisará mediar um debate sobre estes pontos e fazer a opção, tão mais que questões pessoais para pensar o Brasil necessário na proteção das garantias coletivas – da sociedade. Fica a dica!

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[1] José Geraldo é jurista, ex-reitor da UnB e professor da Faculdade de Direito da instituição. 

Sobre esta categoria, e avocando uma concepção denominada de O Direito Achado na Rua, cujo mobilizar é “uma concepção de Direito que emerge, transformadora, dos espaços públicos – a rua – onde se dá a formação de sociabilidades reinventadas que permitem abrir a consciência de novos sujeitos para uma cultura de cidadania e participação democrática”, trata-se, portanto, de uma “experiência de humanização que se realiza na história, como emancipação consciente inscrita na práxis libertária” (p. 178). 

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(Fonte: SOUSA JUNIOR, José Geraldo de. Direito como liberdade: O Direito Achado na Rua. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2011.)

[2] Art. 1º (...) IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa da CF-1988. Muito embora, a primeira dimensão deste dispositivo reste ignorada em último plano para que o capitalismo, em sua ganância máxima, possa acumular riqueza a uma minoria insignificante de pessoas.

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[3] Não satisfeito com o conhecimento acerca das injustiças e desigualdades que viu apenas nos livro, Eduardo vai passar por 5 imersões, grupos distintos, entretanto, no conjunto dos povos espoliados do Brasil. Segundo conta, “fui vivenciar a realidade deles: um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra; uma favela metropolitana; uma aldeia indígena; um presídio; e uma localidade no sertão do nordeste”. E diz que nunca aprendera nas escolas e universidades modelos de economia como os que viu nestes grupos, particularmente, o MST.

[4] Conheça mais sobre o Instituto que vem trabalhando um modelo de educação forma emancipatória, trans, multi e interdisciplinar.

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Acesse: https://icl.com.br/

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