Fiança paga por Daniel Alves, com ajuda de Neymar, perpetua a violência contra as mulheres
Eleger o dinheiro como métrica da liberdade para estupro é autorizar o crime por classe e, claro, aprofundar o tratamento desigual entre ricos e pobres
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A soltura do condenado por estupro Daniel Alves sob multa paga pelo pai de Neymar atesta a indignidade humana na sociedade regida por dinheiro e hipocrisia.
É a perpetuação de violência clara contra as mulheres ao sobrepor o poder aquisitivo ao direito da inviolabilidade física e psicológica.
A fixação de um valor – seja qual for – precifica o corpo feminino, institui um "mercado de luxo" do estupro, chancela a impunidade e inflige novo sofrimento à vítima.
É aval legal à cultura do estupro com a concessão exatamente a uma conduta repelida por fazer da mulher objeto de consumo do homem e do patriarcado.
"Se pode pagar, pode ter como quiser e ficar em liberdade" é a mensagem transmitida por uma decisão estapafúrdia e violenta.
E não só.
Eleger o dinheiro como métrica da liberdade para estupro é autorizar o crime por classe e, claro, aprofundar o tratamento desigual entre ricos e pobres.
Restringe a cidadania à conta bancária e inferioriza a vida dos desfavorecidos - aceno captado como licença para perpetração de (mais) opressões por círculos de poder.
E mais.
O pagamento da multa pelo pai de Neymar acrescenta um tom de hipocrisia a essa sucessão de violências contra as mulheres.
Escancara a falsidade de uma gente moralista de goela, cristã de conveniência e eleitora de uma fraude subumana viciada em usar "deus" e "família" como escudo narrativo para encobrir uma vida de sordidez e crimes.
Não por acaso o bolsonarismo é o curral fértil onde o noticiário identifica, com frequência, pedófilos, estupradores e abusadores de elevador (como o do Ceará).
A escória cujo comportamento reflete a cultura do estupro vista em expressões como "pintou um clima" diante de adolescentes.
A normalização da violência é sintoma de apodrecimento da sociedade pela misoginia e pelo dinheiro e inspira repulsa coletiva.
O corpo feminino é inviolável - e isso, definitivamente, não tem preço.
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