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Edmar Antonio de Oliveira

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Fim da guerra fria e a globalização - parte 3

A criação de mercados financeiros internacionais, gerando uma nova etapa no sistema capitalista (capitalismo financeiro), mostra-se como uma das principais conseqüências da nova ordem

(Foto: Reprodução)
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A Guerra Fria foi um período de rivalidade entre duas superpotências, a União Soviética e os Estados Unidos, quando ambos concorriam entre si por influência internacional, principalmente nos campos militar e econômico. A disputa se dava principalmente entre dois modelos de economia: a norte-americana, marcada pela livre iniciativa, mercado e propriedade privada dos meios de produção, e a soviética, marcada pelo planejamento e controle estatal dos meios de produção e distribuição dos produtos. 

A verdade é que estes sistemas pelo mundo se tomaram híbridos, havendo maior resistência dos governos soviéticos quanto a adoção de mecanismos de mercado do que os líderes norte-americanos em adotar planejamento econômico. Isso se refletia nos demais países que se encontrassem na esfera de um ou de outros lado, tendo como exemplo clássico a Europa com sua economia de mercado e amplo sistema de bem estar social. 

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Essa disputa entre superpotências que se iniciou logo após o fim da Segunda Guerra, chega ao fim no início dos anos 1990, com a auto-desestruturação da URSS. A partir de então, já não existe uma disputa entre esferas de influência definidas, de aparentes divisões ideológicas. Surge em seu lugar um contexto que vai se chamar de Globalização, uma etapa marcada pelo enfraquecimento das fronteiras e “mundialização” dos mercados e da informação, ao mesmo tempo em que conquistas sociais dos povos de ambas as áreas de influência da antiga Guerra Fria, são reduzidos sistematicamente.

O processo de Globalização (principal característica da nova ordem mundial que substitui a anterior, criada em 1945) pode ser identificado na ordem política como a passagem para uma ordem política pós-Westfaliana, fazendo referência ao Tratado de Westfália, construído em 1648 e estabeleceu os princípios de soberania dos Estados Nacionais. Na chamada era da globalização, o próprio conceito de soberania se torna flexível e relativo. O direito internacional, a expansão das empresas multinacionais para vários países além de sua sede e a atuação de Organizações Não-Governamentais (ONGs) em várias partes do mundo, suprindo demandas não atendidas pelos governos locais, a difusão de informações em alta velocidade pela internet e páginas internacionais como Facebook e WhatsApp são exemplos de como a noção de soberania se alterou.

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Outro aspecto a ser analisado são as transformações no sistema econômico global. A criação de mercados financeiros internacionais, gerando uma nova etapa no sistema capitalista (capitalismo financeiro), mostra-se como uma das principais conseqüências da nova ordem. Os capitais se movem de um país a outro rapidamente, ignorando fronteiras e governos, visando alcançar a maior lucratividade, muitas vezes a partir de movimentos especulativos. No sistema comercial, observa-se uma tendência à organização dos países em blocos econômicos, com a função principal de unificar os mercados dos países integrantes, como por exemplo a União Europeia e o Mercosul. Por outro lado, acontece uma divisão internacional do trabalho, onde as empresas se aproveitam das condições favoráveis em cada país, criando produtos desenvolvidos em várias partes do mundo. Por exemplo, pode-se extrair matéria prima em determinado lugar, produzir as peças em outro, montar em um terceiro e comercializar em determinado bloco econômico diferente.

Por fim, se percebe um desmanche dos estados de bem estar social pelo mundo. Mesmo na Europa onde os direitos dos trabalhadores estão consolidados já há bastante tempo, estão ocorrendo constantes recuos na disponibilidade de serviços públicos como educação saúde e infra estrutura, ao mesmo tempo que ocorre precarização dos empregos, redução de direitos e enfraquecimento dos movimento trabalhistas, na esteira da ideologia neoliberal (processo de adoção do chamado estado mínimo, reduzindo participação estatal na economia e na prestação de serviços sociais), que visa diminuir impostos e encargos trabalhistas para as empresas multinacionais, a fim de tornar os países mais atrativos para investimentos em capital produtivo ou financeiro.

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Dessa forma, é preciso considerar que se de um lado o fim da Guerra Fria gerou uma distensão no conflito ideológico e militar entre duas superpotências rivais, bem como suas conseqüentes intervenções em países mais pobres, por outro lado gerou uma ordem mundial onde o processo de Globalização parece gerar uma única superpotência invisível, mas poderosa e presente em todas as esferas da vida dos povos do mundo: o mercado.

Nesse sentido, embora ainda estejamos em uma fase inicial deste processo, seus efeitos já são sentidos pelos povos do mundo, como a crise econômica de 2008, que se iniciou nos países ricos e se alastrou rapidamente para o restante do mundo ou crises menores, como as moratórias do México e Rússia nos anos 1990, que afetaram o sistema financeiro internacional com conseqüências desastrosas, principalmente no câmbio. 

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Cabe portanto uma reflexão sobre os pontos positivos e negativos deste processo, a fim de que os governos do mundo adotem posturas não de isolamento, mas de proteção aos seus interesses nacionais, principalmente das classes menos abastadas.

Leia também O fim da guerra fria e suas consequências - parte
1 e 2.

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