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André Barroso

Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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Halloween antecipado no Rio de Janeiro

O crime organizado tem que ser combatido. Porém, uma megaoperação da forma que foi trabalhada não é uma ação única

Operação policial no Rio de Janeiro - 28 de outubro de 2025 (Foto: REUTERS/Aline Massuca)

Foi decretado estágio dois de atenção no Rio de Janeiro, devido às operações de enfrentamento da segurança ao Comando Vermelho. Nas redes sociais, muitos compartilharam que estava no estágio quatro de atenção. O que não faz diferença  para aquela população que perdeu a mobilidade em parte da cidade, numa operação que teve mais de 60 mortos, na maior letalidade já praticada na história. O Governo do Estado praticou qual estratégia de segurança na cidade, já que falou que estava preparando o plano a mais de um ano?

O Comando Vermelho fechou diversos pontos da BR-101. Acessos ao Aeroporto Galeão, UFRJ e UERJ também estão bloqueados, aulas em várias universidades foram canceladas e o Estado todo refém de uma guerra. O governador Cláudio Castro acabou tendo que se retratar sobre a sua fala política, dizendo que não teve ajuda Federal. Se para o governador que tem pretensões de ser senador na próxima eleição, e já tinha falado na sua reeleição que esse tipo de operação dava votos, também foi um dos atingidos por uma bala. O tiro no pé. Das três operações policiais mais letais do Rio de Janeiro, todas foram no governo de Cláudio Castro. A primeira com 28 mortos no Jacarezinho, a segunda na Penha com 23 mortos.

Como uma operação planejada gera mais de 60 mortos e vários feridos? O projeto de segurança feita pela extrema direita precisa ser de enfrentamento para dar uma sensação a população de endurecimento, mas é pouco eficaz e traz um rastro de sangue, principalmente do povo periférico e preto, porque se baseia no aumento e liberdade do poder policial e militarização, com pauta na defesa do armamento civil. As políticas letais e de enfrentamento sem planejamento estratégico são vendidas com a promessa de mais segurança, que acabam por tornar mais violento e letal.

O governador do Rio foi contra a PEC da Segurança, que promoveria a integração das polícias, promovendo maior planejamento de inteligência nas diligencias, fala da falta de integração das polícias e de que o governo Federal estaria omisso a tudo. A estratégia parece jogar a culpa no Governo Federal cria o Caos, mas no final vai pedir ajuda ao Ministro da Justiça novamente. A política de morte, de uma segurança que promove letalidade, ao invés de cirúrgica, tem enfrentamento nas ruas, com bandidos fazendo o mesmo esquema tático de fechar vias com ônibus e tendo a novidade de trabalhar com drones lançando granadas. A deflagração da guerra no Complexo do Alemão esticou o pânico em toda a região metropolitana, levando até a Região Oceânica de Niterói a se trancar em suas casas, mesmo estando a 35,3km de distancia, apesar de notícias que fecharam a Manilha, arrastão no Rio do Ouro, entre outras atividades que ainda estão sendo analisadas se estão aproveitando o caos para fazerem ganhos em outros lugares.

O crime organizado tem que ser combatido. Porém, uma megaoperação da forma que foi trabalhada não é uma ação única. O escalonamento dos enfrentamentos com truculência vem crescendo durante os meses, com ações pontuais, com muita limitação entre os dois lados. Não dá para comemorar. Não dá para normalizar. Não dá para o governador achar que pode politizar a operação e agora mal planejada colocar culpa no governo Lula. O Governo Federal, este ano,  Investiu 680 milhões em segurança e desse montante, 174 milhões foram para o Rio de Janeiro. Onde foram aplicadas esse investimento?  Se o governador do Rio é da extrema direita, os três senadores do Rio são da extrema direita e parte dos deputados federais do Rio são da extrema direita, por que a culpa recai para o governo federal?

Tinha razão Gilberto Gil e Caetano Veloso. O Haiti é aqui!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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