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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

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Intenções e votos, insípidos e invisíveis

"Daqui a pouco vão denunciar o governo federal ao Procon porque nem cheiro de representante do povo tem!"

Intenções e votos, insípidos e invisíveis (Foto: Ricardo Stuckert | Abr)

Ao lado de mais uma rodada de pesquisa de intenção de voto, Fernando Haddad em São Paulo também tem forte chance de vencer no primeiro turno. Haddad e Lula vencem no primeiro turno, essa deveria ser a manchete do novo Datafolha. Se é para valorizar a pesquisa de intenção de votos, ainda que dentro das margens de erro, o retrato principal deveria ser mais evidenciado. As nuances quanto ao ainda grande número de não-votos em São Paulo e pequeno crescimento do despresidente são secundárias. Repito algumas das considerações já constantes no artigo anterior À busca do candidato (https://www.brasil247.com/blog/a-busca-do-candidato).

Há que se respeitar o regramento eleitoral, mas o despresidente candidato à reeleição está em campanha desde 1º de janeiro de 2019, o que não é uma situação pacífica, como defendem alguns jornalões que falam que tal período é tempo de paz. Para alguém que rotula de “pedaço de papel” a carta em defesa da democracia, um plano de governo será apenas letra morta para cooptar eleitores, como já fez com os escandalosos auxílios de compra de votos. Porém, sigamos com o otimismo de que os próximos 30 dias possam ser usados para debater o que os candidatos, em todos os níveis e rincões deste país, tenham para ofertar como futuros representantes constitucionais do povo.

Mesmo assim, há os que defendam que a democracia é relativa. Não, não é. Esses parecem desconhecer a prática bolsonarenta contrária à democracia. Não é simples manifestação de opinião, é agir diuturnamente contra a diversidade política, religiosa, cultural e um longo etc. Quando da falácia da falta de fertilizantes para justificar a invasão de terras indígenas, por exemplo, aquela “mentira plantada” foi mais uma dentre as incontáveis falsidades que sustentam tal desgoverno desde a campanha presidencial de 2018. Bolsonaro não quer desenvolvimento, quer apenas a satisfação pessoal de combater populações indígenas, incômodo que carrega desde a infância. Adentrem um ou outro grupo de WhatsApp que contenha tais interlocutores e mudarão de opinião. Isso se tiverem estômago.

A apreensão de quais são as intenções o que vão fazer as Forças Armadas continua, especialmente com a proximidade do Sete de Setembro. Lembremos que é um contingente suficientemente ocioso, que poderia estar sendo usado para um fim nobre, como a vigilância de fronteiras no combate ao tráfico de entorpecentes, uma vez que não produzimos drogas – quer dizer, produzimos o despresidente que aí está!

Por fim, acrescento uma ironia: no início do ano houve perseguição aos fast foods por colocarem apenas aroma naquilo que se pretende ser alimento. Sempre o gosto da embalagem de isopor foi o mesmo do que vem dentro, não entendo por que somente agora acontece a grita. Daqui a pouco vão denunciar o governo federal ao Procon porque nem cheiro de representante do povo tem!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.