Israel está provocando um conflito generalizado no Oriente Médio

No final da tarde de sábado, pelo horário de Brasília, o Irã lançou centenas de projéteis em direção ao território de Israel, incluindo 170 drones, 30 mísseis de cruzeiro e 120 mísseis balísticos, que acionaram as sirenes de ataque aéreo em todo o país. Os drones foram interceptados por aeronaves de Israel, Estados Unidos, Reino Unido e Jordânia ao longo do caminho. O serviço nacional de emergência médica de Israel relatou que uma menina de 10 anos teria sido gravemente ferida por estilhaços de um dispositivo usado para interceptar os drones, no deserto de Negev.

Nesta primeira vez que o Irã lançou um ataque militar direto a Israel foi uma resposta alinhada aos princípios de legítima defesa previstos na Carta da ONU depois do ataque contra a embaixada iraniana em Damasco, na Síria, que resultou na morte de sete pessoas, incluindo um comandante sênior da Guarda Revolucionária do Irã. Um representante de Teerã declarou na ONU que o ataque estava encerrado, referindo-se a ele como uma ação legítima. Mas Israel promete uma resposta à retaliação do Irã, criando uma expectativa e elevando a tensão na região do Oriente Médio. Um membro do gabinete de guerra de Israel, Benny Gantz, respondeu que o Irã pagará na hora certa.

Por sua vez, o Irã avisou que irá responder com força dez vezes maior se houver uma nova agressão de Israel. E assim o conflito vai escalando com este aumento da retórica. São duas das principais forças militares da região. Os dois países detêm tecnologia nuclear. Israel mantém entre 90 e 200 ogivas nucleares que podem ser usadas em caso de um “ataque existencial”. O Irã domina a tecnologia de enriquecimento de urânio e até onde se sabe já estava em um nível próximo ao necessário para uma bomba nuclear. Relatório da Agência Internacional de Energia Atômica de 2023 afirma que amostras de partículas de urânio enriquecido a 83,7%, pouco abaixo dos 90% necessários para a fabricação de uma bomba atômica.

Podemos ficar à beira de um conflito nuclear no Oriente Médio, dependendo da reação de Israel contra o Irã. O envolvimento do Irã na insanidade bélica protagonizada por Israel no Oriente Médio sempre interessou aos Estados Unidos. Será mais uma guerra a ser usada como instrumento eleitoral, seja por democratas ou republicanos. A guerra é o combustível vital dos Estados Unidos. Um mundo sem guerras esgotaria a sua razão de existir. Quanto ao Brasil e demais atores da comunidade internacional, cabe o dever de agir efetivamente pela construção da paz. E para este caminho é necessário que Israel cesse imediatamente o genocídio que promove na Faixa de Gaza e nos territórios palestinos ocupados ilegalmente. E reduza a escalada retórica contra o Irã. O mundo precisa de paz, apesar dos Estados Unidos e de Israel.