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Tiago Barbosa

Jornalista, pós-graduado em História e Jornalismo, com passagem por jornais de Pernambuco

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Israelenses retornam para a família e os palestinos encontram o vazio

A diferença abissal entre o mundo encontrado por reféns israelenses e palestinos após serem libertados é a prova cabal do genocídio

Palestinos retornam a Gaza após pausa no genocídio (Foto: Reuters)

A diferença abissal entre o mundo encontrado por reféns israelenses e palestinos após serem libertados é a prova cabal do genocídio.

Israelenses retornam para casa - os palestinos já não têm lar, moradia, endereço, teto ou localização.

Vagam a ermo entre escombros e resquícios, memórias e destruição.

Os israelenses reencontram parentes - os palestinos, corpos.

Famílias inteiras de Gaza sumiram na violência incessante de um regime disposto a aniquilar qualquer forma de vida.

Não há filhos, porque crianças foram mortas ou despedaçadas sob bombas e fuzilamentos.

Não há mães, porque a brutalidade dizimou mulheres e civis sem respeito às leis do mundo, sem clemência à dignidade.

Não há laços, porque o pó cobriu até o sangue, real e metafórico.

Só a dor compartilhada do vazio, da fome e da ausência - a privação imposta na política da barbárie. 

A desproporção é dantesca - da força, das vítimas, dos números, medidas de uma covardia sem trégua ou juízo, retrato fiel do aniquilamento.

Dois mundos entre futuro e desesperança.

Os Israelenses libertados têm, à frente, o trauma, o amparo de conhecidos e uma sociedade funcional.

Palestinos, a memória inconsolável, a garra inabalável - e o nada.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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